sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

JANEIRO DE 2021 - ANEXO AO JORNAL MENSAL


 ALFREDO CAMPOS PIMENTA Caxambu/MG

Idealizador, 1º Presidente e

Atual Presidente de Honra da SBDE

 

VINTE E CINCO ANOS SEM DANTAS MOTTA

(Fevereiro/1999 – Fevereiro/1974)

 

Não cuido de achar a vida um bem apenas meu,

se a vida se repete como o pão, como a chuva.

 

José Franklin Jassena de Dantas Motta nasceu aos 22 de março de 1913, em Aiuruoca/MG.

Foi um mago da Literatura, da Advocacia Criminal, da História.

Tive o raro privilégio de com ele conviver nas décadas 1950 / 1960. Por esse saudoso e já distante tempo, conheci sua generosidade e o poder de sua palavra e ideias.

Frequentava o Bar do Kalil, em Caxambu, e ali nos encontrávamos. Disse-me certa vez, repentina e eloquentemente:

- Recebi seu cartão belo e magnífico. Isso mostra o sentido artístico de que são possuidores todos os sujeitos que cuidam da sala de visitas do corpo humano: a Boca. Pois é ela que ri. Mais: que fala. E deve falar e rir bonito donde a razão porque sempre entendi que somente um homem, como Tiradentes, Patrono de vocês, seria capaz de rir e falar bonito, pelo fato de haver botado essas virtudes, essa alma, na boca dos outros, tendo-as em sua própria. 

Gravei e reconstituo, textualmente, a força de sua poesia e assinalo a data: 24 de novembro de 1969.

Enfrentou, destemido, centenas de embates jurídicos, no sul de Minas, no Vale do Paraíba e outros tantos lugares, sempre incólume e vencedor – até contra o célebre Sobral Pinto.

Em 1972, acolheu uma causa em que, vil e infundadamente, desejavam condenar-me administrativamente por alegada infração ética. 

Numa madrugada de 1973, estava em sua casa, no fascínio da mágica Aiuruoca.  O combinado era que fosse comigo a Belo Horizonte, mas deu-me a defesa por escrito, salientando a única que assim fiz. Uma rara peça processual, que guardo com desvelo e extremo carinho. 

O sábio, o humilde e bom Dantas, ao mesmo tempo que irrequieto, triste e melancólico, expressava o genuíno ar de mineiridade, escondendo uma inexcedível bagagem cultural.  Era querido e profundamente admirado por todo o “eixo” Minas-Rio-São Paulo.

Citarei alguns de seus melhores amigos: Agenor Gomes Pinto, Almeida Salles, Arnaldo Pedroso D’Horta, Carlos Drummond, Flávio Carvalho, João Condé, Júlio Sanderson, Mário de Andrade, Milton Campos, San Tiago Dantas e Sergio Milliet – a nata da intelectualidade brasileira. 

Escreveu notáveis livros, entre os quais Primeira Epístola de Tiradentes aos Ladrões Ricos, da qual cito pequenino trecho: - Quando te lembrares de mim noutras prisões, ó infante ou moço de oficina, da escola e da caserna, considera, gravemente, e olha para este calabouço onde estou metido a ferros. E que as escaras deles advinda me dão este aspecto triste de dor e de pena.  E que comigo, afinal, ninguém se encontra nesta prisão, salvo esta solidão. Ou, então, o Ouvidor Cleto, o qual, por vezes e sem ser esperado, juntamente com o Escrivão Maniti ou Roiz, aqui comparece, alta noite, a me inquirir, estando eu já tristemente a dormir. E isto tem se verificado, às vezes noites a fio, nestes três anos de prisão, obrigando-me também, vez ou outra, quando a madrugada amarrotada surge por detrás da grade, a fraquejar um pouco, com saudade da liberdade...

     Em 09 de fevereiro de 1974 (menos de doze meses após nosso derradeiro encontro), aos 60 anos, empreendeu, de súbito, sem aviso, cruelmente, a grande e misteriosa viagem de volta à eternidade do Pai, deixando-nos pobres e cheios de nostalgia. Mas, como mede-se um homem pela duração de suas obras, ele sobrevive, reconhecidamente e do que há sobejas provas.

A bem da verdade: Dantas Motta foi uma das mais brilhantes inteligências deste século.  Sua memória, preservada, nos dá alento para o novo e bem-aventurado milênio.

Disse dele Drummond, à beira do túmulo:

- Que cavaleiro andará por aí, na noite, sobraçando petições e estrofes, brigando com os ventos e as chicanas, defensor quixotesco do direito dos pobres? A um clarão, reconheço-o. 

É Dantas Motta, é o poeta, é o homem, é a saudade dele na sala.

 

ANTÔNIO INÁCIO RIBEIRO – Guarapari/ES

Especialista em Marketing (PUC)

Master Business Administration (FGV)

Administrador (Universidade Mackenzie)

Cronista semanal  em  www.folhaonline.es 

Honorário – Diretor de Divulgação

 

A MOQUECA CAPRICHADA EM GUARAPARI TEM MAIS SABOR!

Já sei! Estão pensando que é sem “r”, com “x” e não com “ch”. Está bem, a com “x” tem em todo o Espírito Santo, mas a com “ch” é em Guarapari.

Sejam as sofisticadas de Meaípe ou as por quilo no Centro, as daqui têm um toque especial que as diferenciam. Com um hábito de todo o fim de semana ir a uma praia diferente neste Estado abençoado e privilegiado, para conhecer e poder difundir melhor as maravilhas daqui, acho que já provei de todas as principais moquecas disponíveis no Espírito Santo.

Os gaúchos têm o churrasco, os catarinenses o rodízio de camarão, os paranaenses o barreado, os paulistas o virado, os cariocas a feijoada e os mineiros o pão de queijo. Todos com um marketing forte em cima e muita badalação para divulgar.

De todos quem melhor aproveitou sua comida típica para promover o seu Estado, foram os gaúchos, que saíram pelo País afora e exterior, montando churrascarias e ganhando dinheiro com sua cultura e tradição. Um modelo a ser pensado.

Talvez a variedade de carnes tenha ajudado a dar um gosto especial à comida dos pampas. Nos demais parece sempre a mesma coisa. Teria que se difundir mais as opções de diferentes tipos de peixe e não centrar em dois ou três.

Depois que passei a morar em Guarapari, e mantendo contato com o Brasil inteiro, por escrever um informativo semanal sobre motor homes, sempre sou perguntado sobre os segredos da moqueca capixaba, lembrada pela maioria.

A iguaria da terra que José de Anchieta, assim como eu, escolheu para terminar seus dias, caiu na preferência nacional. Se for mais valorizada e promovida pode ser mais uma atração turística para o Estado, até um chamariz.

O peixe fresco preferido, oito dentes de alho, quatro tomates, duas cebolas grandes, dois maços de coentro, um limão, uma colher de urucum, sal e azeite a gosto, são uma fórmula infalível de sucesso, que todos conhecem.

Conhecer melhor, sabendo distinguir e oferecer os peixes típicos das moquecas capixabas, seria uma forma de variar e valorizar o prato.

Uma segunda forma de difusão da comida típica capixaba é a venda a preço convidativo das panelas de barro para fazer a moqueca. Moqueca é a capixaba, o resto é peixada...

 

EDIVAL TOSCANO VARANDAS – João Pessoa/PB

Escritor e Musicista

A  BRILHANTE  HISTÓRIA  DE  UM  DENTE

QUE  SOBREVIVEU  ÀS  INTEMPÉRIES  BUCAIS.  

        Nasci com seis anos incompletos, isto é, quando nasci ainda faltavam seis anos para eu nascer. Talvez, por isso me apelidaram de “Molar dos seis anos”. Nunca liguei, apesar de ficar um pouco chateado quando me chamavam de número seis de Zsigmondy/Palmer.

Tive vizinhos que nem chegaram à idade em que estou, e se foram bem cedo.  Desde pequeno que tinha pavor às coisas frágeis. Me esmaltei de um material altamente calcificado de hidroxiapatita, onde deixei bem visíveis minhas estrias de Retzius, apenas para proteger-me dos inimigos do meio bucal, visto que eu sabia que é praticamente impossível se reparar após um ataque por decomposição. 

Desde criança eu ouvia falar na tal da cárie dentária, e tinha muito medo de contrair esta moléstia. Perdi meu vizinho da distal no melhor de sua vida, acometido por cárie, e isso me entristeceu bastante.

Fui um baluarte das campanhas de prevenção. Lutei com bravura contra as placas invasoras, ergui a bandeira do Flúor, caminhei ao lado de cremes dentais, e fui um adepto do fio dental para promover minha saúde, mas uma coisa me intrigava e, ao mesmo tempo, me deixava indeciso: se deveria manter as lamelas de meu esmalte reforçadas, para impedir a passagem de microrganismos, ou se deveria combater a fermentação do açúcar e amido em meus pontos retentivos, para que não houvesse a produção de ácido descalcificador.

Passei anos nessa dúvida, ora acidogênica e, por vezes, proteolítica. Mas, o cansaço veio logo, e comecei a sentir algo estranho em minhas fissuras. Era algo como uma rede nitrogenada de mucina e restos de descamação. Imediatamente, tive que me submeter a um tratamento preventivo à base de selantes, a fim de evitar contrair uma cárie primária, e passei um bom período de tempo protegido desses agressores bucais. 

Com o passar do tempo namorei antagonisticamente uma coroa metálica superior, e juntos trituramos bons alimentos, contribuindo para um digestivo bolo alimentar. Mas, o nosso namoro durou pouco. Como sempre acontece na vida, uma incrustação a ouro de um pré-molar vizinho a mim na distal, com ciúmes, lançava correntes galvânicas sobre mim, fazendo desse triângulo amoroso, o motivo de minhas palpitações.

Certo dia, uma recidiva de cárie tomou conta da coroa metálica, e ela se foi. Foi o dia mais triste da minha vida. Fiquei só, sem nenhum antagonista e, devido à ausência de minha amada, o galvanismo bucal que me afetava, desapareceu. 

Mas aquela incrustação a ouro do pré-molar meu vizinho, ainda me irritava. Havia brilho demais e, confesso, nunca gostei de sua escultura. E eu, sozinho, tinha que achar um jeito de me vingar daquele maldito pré-molar, aquele que foi, sem dúvida, o responsável pelo meu sofrimento.

E, numa manhã silenciosa, consegui, com muito esforço, me extruir um pouco, e num ímpeto de raiva, acionei meus cementoblastos, com o cuidado de manter a espessura normal de meu ligamento periodontal, hiperplasiei-me gradualmente em meu cemento, apenas na porção radicular, simulando assim uma forma moderada de uma hipercementose. 

Depositei bastante cemento em minha porção radicular, até que consegui comprometer o ápice do meu vizinho pré-molar, e este, não suportando aquela injúria física por compressão aos tecidos, pois continha em seu ápice uns três milímetros de guta-percha de uma sobre obturação de seu canal, sentiu meu osteocemento que funcionava como um agente irritante, favorecendo uma agressão química que, somada à injúria física instalada, graças a Deus, resultou em um quadro inflamatório tão intenso que ele teve que sofrer avulsão.

Hoje, passados alguns anos, ainda me encontro íntegro na cavidade bucal. Apesar dessa minha camada de osteocemento, nunca fui portador de qualquer infecção concomitante, e não possuo qualquer sintoma clínico significativo que denuncie a presença de minha hipercementose. 

Atualmente, devido à minha integridade e rigidez, fui eleito dente pilar e possuo um grande amigo, que trabalha como retentor extra-coronário de uma prótese parcial removível dento-muco-suportada, e que vive a me abraçar em minhas superfícies lingual e vestibular. 

Apesar de toda essa integridade em que vivo, graças ao meu esforço, consegui sobreviver às intempéries bucais, mas nem por isso sou feliz.

Sinto uma enorme saudade de minha antagonista, a coroa metálica superior, que daqui deste arco inferior em que vivo, eu passava as melhores horas do dia a olhar a elegante terminação cervical em chanfro que ela possuía e que, devido a uma pequena falha do agente cimentante em sua porção lingual, eu não cansava de admirar aquela linda imagem de seu sulco línguo-oclusal.    

EDUARDO DE SOUZA  Rio Branco/AC

Honorário - Cine Comentário

CINEMA PARADISO


Óscar de melhor filme estrangeiro em 1990, joia magnífica do cinema italiano que passeia no embalo fantástico e divertido do cinema, pelo cinema e para o cinema.

CINEMA PARADISO é simplesmente inesquecível, enaltece a sétima arte de maneira prodigiosa.

Num pequeno vilarejo da Sicília, um cinema administrado pela paróquia local, é palco de uma amizade insólita entre um precoce cinéfilo e um projetista.

Ao redor de um esperto garotinho, vemos passar não só cenas das fitas, mas elementos presentes em audiências desse tipo de evento. Espectadores de cronologias e interesses múltiplos, que vão bem além do simples fato de apreciar uma película. A fascinação pelo cinema do prematuro personagem é compartilhada também pelos outros frequentadores.

Nas exibições, a mão pesada do censor, um padre que mandava cortar cenas de beijos ou de intimidade que lhe parecessem invasivos da boa fé católica. A emoção, o choro e aplausos emanavam da plateia naturalmente, em função do que era visto na tela.

Uma quase tragédia leva nosso imberbe protagonista a operar os projetores, e nesse ínterim, o vemos chegar à sua adolescência e aos primeiros ventos do amor.

Trinta anos depois, recordações em flashback, mostram mais inúmeros detalhes mágicos de toda a convivência e amizade desde os primeiros tempos. O agora adulto e bem sucedido cineasta (por que será?) da pequena localidade, retorna ao ponto de origem ao saber que seu adorado tutor tinha falecido.

A comoção envolve quem assiste e quem interpreta, desde o começo da história, quando um garoto, (ator mirim escolhido entre 300 competidores), nos delicia com sua perspicácia e amor pelo cinema.

O encanto está formado, e mais uma vez, a duradora paixão por essa poesia de belas artes, nos é apresentada de forma explícita, e sem contestação da sua grandeza. 

 

HAROLDO ESCOREL BORGES -  João Pessoa/PB

Ex-Docente da Universidade Federal da Paraíba

Titular da Academia Paraibana de Odontologia

 

O  DENTISTA  –  ONTEM  E  HOJE

        Vamos recuar apenas um século, embora com pequena citação histórica.

        Com efeito, a nobre profissão de Pierre Fauchard e de Coelho e Souza sofreu a evolução natural, experimentada por toda e qualquer categoria ao longo dos últimos tempos.

        Em nosso caso, caminharemos Odontologia e Medicina lado a lado pela irmandade na área de saúde a que ambas se vinculam.

        Para começo de saída, registre-se a mudança simplória de dentista no passado para Cirurgião Dentista atual, consolidada pelos Conselhos Federal e Regionais.

        Brusco recuo permite assinalar a presença do cirurgião barbeiro, o homem arranca-dentes, até o profissional de hoje (em termos genéricos).

        Dessa forma, o arranca-dentes não tinha formação acadêmica, isto é, era apenas, e tão somente, o prático reconhecido, muitos atuando em domicílio.

        Este fato permitiu a tais profissionais darem origem às querelas entre os que atuavam à margem da lei e aqueles munidos do indispensável diploma profissionalizante.

        Em consequência, consolidada a profissão o dentista tornou-se o senhor absoluto do atendimento em sua área de atividade.

        Característica principal, o dentista atuava em todos os aspectos das intervenções clínicas, as avulsões (na época, só se falava em extrações) – cerca de 80% dos atendimentos, que chegavam aos 100% em localidades fora das capitais, no interior, até as obturações, hoje generalizadas como restaurações.

        Em sua primeira fase, só nos principais centros já havia a preocupação de recuperar o elemento dentário lesado pela cárie, com o tratamento dos condutos dentários, isto é, dos canais – terminologia esta desprezada pela consolidação de conduto dentário.

        A parte maior da cirurgia bucal era privativa do médico.

        É preciso destacar o grande diferencial, em termos gerais, entre o atendimento nos grandes centros com as demais regiões do País, destacando-se as poucas cidades sedes de Faculdades de Odontologia, com as demais.

        O correr dos tempos produziu a rápida evolução da Odontologia, permitindo sua independência da Medicina.

        A criação das faculdades foi, sem dúvida, o fulcro em que se apoiou o Cirurgião Dentista no caminho da diversificação profissional e na especialização.

        Para não perder a oportunidade, vamos citar alguns dos mais antigos dentistas conterrâneos que atuaram no passado distante.

        Dividido em dois grupos: o primeiro, cujos nomes estão em nossa história (vide Odontologia na Paraíba) editada em 1974 e escrita pelo CD Wílson da Nóbrega Seixas.

        No segundo grupo, isto é, aqueles do núcleo que se constitui no divisor entre o passado recente e o presente.

        Dentre estes, citarei de modo especial meia dúzia: Luiz Gonzaga A. Burity, Paulo Borges, Péricles F. Gouveia, Odísio B. Duarte, Ednaldo de Luna Pedrosa, Arlindo B. Camboim e Álvaro de Souza Lemos, entre outros.

        Eles eram absolutos, pois exercitavam todas as etapas clínicas, à exceção apenas da confecção de suas próprias próteses – por muitos ainda chamadas chapas.

        Na época, o aproveitamento do elemento dentário comprometido era raro, diferentemente de hoje quando partimos para o tratamento de condutos, e consequente salva do elemento dentário comprometido.

        Com respeito à confecção das próteses, creio que apenas o doutor Burity era o único a fazê-las.

        Os demais lançavam mão dos protéticos para suas confecções.

Detalhe da maior importância era o fato do atendimento na época. Enquanto o paciente se sentava na cadeira própria, nós trabalhávamos de pé; resultado: coluna deformada!

        Hoje, sabemos: o conforto do Cirurgião Dentista no trabalho sentado, maior coparticipação da auxiliar, os equipamentos e, sobretudo, o uso da radiografia permitem maior conforto profissional.

        O profissional moderno tem hoje inúmeros apoios que lhe permitem passar da Odontologia empírica para a Odontologia científica.

        O ápice da carreira resultou dos programas de pós-graduação e de especialização nos grandes centros odontológicos no País e no Exterior.

        Agora, chegamos à plenitude com o verdadeiro Cirurgião Dentista, culminando com o profissional especializado, tal qual ocorre com a Medicina.

        Assim, não deve causar surpresa o cliente estar sendo atendido hoje por mais de um clínico, para o correto êxito na eliminação do processo que o levou aos consultórios.

        Claro, pois hoje você tem “seu dentista”, mas, face ao motivo que o levou à clínica odontológica, pode vir a ser atendido por um, dois ou mais profissionais especializados.

        Está aí devidamente sumarizado o diferencial entre o dentista de ontem e o Cirurgião Dentista de hoje.

        Aquele dentista do passado, com o Cirurgião de hoje escudado na tecnologia e, em consequência, adotando a Odontologia Científica e vendo a Odontologia arcaica ir para as calendas gregas.

        Está aí justificado o desdobramento em leque da clínica moderna, com os profissionais levando o cliente para três ou mais especialistas, a exemplo da clínica médica, mutatis mutandis.


JORGE DE ANDRADE MOTA -  Porto Alegre/RS

Contista várias vezes premiado, também no Exterior



JOSÉ DILSON VASCONCELOS DE MENEZES – Fortaleza/CE Titular da Academia Cearense de Odontologia  - Vice-Presidente da SBDE

 

PIERRE FAUCHARD,

O PAI DA ODONTOLOGIA MODERNA

     

 Pierre Fauchard nasceu em Saint-Denis de Gastines em  1678. Oriundo de uma família modesta, aos 15 anos ingressou na Marinha Real.

Embarcado, iniciou-se na prática de medicina militar, sob a orientação do cirurgião naval major Alexandre Poteleret, prestando assistência aos marinheiros que sofriam na boca os estragos do escorbuto que à época grassava entre os embarcadiços.

Poteleret, que há anos estudava as doenças bucais, estimulou Fauchard a realizar investigações sobre as descobertas de seus antecessores na arte de curar.

Após quatro anos embarcado, deixou a Marinha, tendo passado a residir em Angers, onde montou consultório dentário. Nessa cidade, que à época constituía destacado centro universitário, adquiriu grande fama como dentista sem, todavia, ter frequentado nenhum curso.

Posteriormente, mudou-se para Paris, onde, graças a sua excelente atuação profissional, se consagrou como o mais proeminente Dentista de toda a França.

 Leitor voraz e ávido por ampliar seus conhecimentos, cultivava imenso entusiasmo em aprender e compartilhar o saber com outros.

Era, com frequência, solicitado por eminentes cirurgiões gerais para consultas e pareceres relativos aos dentes e à cavidade bucal.

Antes de Fauchard, os dentistas eram chamados de dentateurs (fabricantes de dentadura) e poucos dentre eles faziam extrações dentárias.

 Os barbeiros, àquela época, verdadeiramente cirurgiões, além de especialistas em aplicar sanguessugas na realização de sangrias, extraíam dentes.

Desde que residia em Angers, Fauchard denominava-se Chirurgien Dentiste. A sua prática não de resumia em extrair dentes, pois os obturava, removia tártaro, assim como procedia a exérese de tumores benignos da gengiva.

Precocemente, manifestou excepcional habilidade na confecção de próteses dentárias.

Além de constituir-se o primeiro profissional dedicado à atuação dentária a considerar a Odontologia como uma arte e uma ciência, em vez de mero trabalho exercido por pessoas habilidosas, mas sem estudo, foi igualmente pioneiro em manifestar-se favorável às medidas preventivas, recomendando a escovação dos dentes e o uso de enxaguatórios bucais.

Descreveu muitas próteses dentárias e métodos de substituir a perda de alguns ou de todos os dentes. Colocava dentes artificiais de blocos talhados em marfim, de osso ou de dentes humanos, mantendo-os fixados a dentes hígidos com fios de ouro.

Em 1723, Fauchard concluiu a sua obra Le Chirurgien Dentiste todavia, somente após 05 anos, em 1728, esse valioso compêndio foi publicado, em francês, reunindo, em 02 volumes, 863 páginas. Duas outras edições vieram a público em 1746 e 1786. Sua tradução para o alemão surgiu em 1773, tendo somente em 1946 sido traduzida para o inglês.

 Le Chirurgien Dentiste alcançou, à época, considerável repercussão pelo fato de se constituir um verdadeiro marco na evolução da Odontologia. Pelos conceitos científicos introduzidos, valeu a Pierre Fauchard o epíteto de Pai da Odontologia Moderna.

Vale destacar o fato de que que, esse valioso livro, que encerra incomensurável soma de conhecimentos, antecipou-se 122 anos ao surgimento da 1ª Escola de Odontologia do mundo – Baltimore College of Dental Surgery – sucedido nos Estados Unidos da América do Norte, em 1840.

Seu falecimento ocorreu em Paris, 1761, aos 83 anos.

Um exemplar de Le Chirurgien Dentiste, em 02 volumes, encontra-se em exposição no Museu Benito Vasconcelos Tavares, da Academia Cearense de Odontologia, doado pelo colega Thales Ribeiro de Magalhães, Diretor do Museu Salles Cunha, da Associação Brasileira de Odontologia – Seção do Rio de Janeiro, e Titular da SBDE.

LUIZ  MANOEL  DE  FREITAS  - Natal/RN

Idealizador  /  Superintendente  Técnico  do

PROJETO  REVIVER (Parceiro)

LÁ DE DENTRO

Eu sou educador, quando a mim cabe contribuir para a formação do semelhante. Mas sou Professor, quando pura e simplesmente repasso conhecimentos.

Amigo, quando meu ombro ofereço e meu peito abro para acolher. Mas sou homem, humano e trago em mim carência, tristezas, emoções, sentimentos bons e ruins.

Às vezes, pareço ser egoísta, mas não atropelo para satisfazer meus desejos.

Sou errado, sou certo. Tudo depende da concepção de quem me olha, não de quem me vê.

Aceito ou não, mas nem sempre rebato; no silêncio, calo e choro. Ou grito e escrevo. Sempre na perspectiva do transmitir.  Não ensinar, mas oportunizar a aprendizagem.

Sigo o caminho da espiritualidade, e deixo o material em segundo plano. Faço doação do meu sentir, mas não me deixo explorar. Abraço, e nos meus braços transmito, e em cada abraço sinto que repasso energia.

Tento não estar no meio termo. Acredito em mim, e não me vejo filho do amor que há entre Deus e o diabo. Do bem e do mal. 

Sou originado do bem e, por isso, convivo com os bons. A eles dou guarida. Não exijo nada em troca, mas peço e aceito, carinho, afeto.

Não necessariamente gozo. Porque o prazer não precisa culminar, pois, a culminância do prazer oferece o risco de acabar, ou de trazer sofrimento, porque pode-se criar perspectiva de repetição.

Gosto dos bons e com eles convivo.

Quanto aos maus, de acordo com minha percepção, dou uma segunda e até terceira chance, pois, no meu egoísmo, posso ter feito julgamento errado, e acredito em mudanças, desde que se torne um desejo pessoal, não induzido. Pode ser fruto de nova percepção ou melhor de reflexão.

Dou e peço perdão. Portanto, me perdoa. E me ama. Pois o amor pode surgir do nada, involuntariamente, de repente.  Pode morrer no minuto seguinte ou perdurar, se for cultivado sem egoísmo e controle, sem sentimento de propriedade e domínio.

Abro sempre a gaiola do meu coração, tento ter a mente leve, e insisto em usar a razão como referência para manter o amor sempre livre, mesmo que seja um elemento de extrema importância e necessidade que vive lá...bem no íntimo, dentro de mim!

MAILSON FURTADO VIANA -  Varjota/CE - Honorário    Vencedor da 60º edição do Prêmio Jabuti e Livro do Ano – 2018.

pai carregava o sol toda manhã

de tanto e tanto

frestas rasgavam o trançado do chapéu

e tudo já era dormente

e tudo era ir e ir e ir

a cumprir a promessa do dia seguinte

pagar a vida inteira.

NELSON RUBENS MENDES LORETTO  - Gravatá/PE 

Professor Adjunto da FOP-UPE  - 1º Secretário da SBDE

 

OBRIGADO, SENHOR!


Obrigado, Senhor, por me teres aceitado nos seus campos verdejantes, onde as flores do trabalho se multiplicam a cada instante, nas mãos dos seareiros de boa vontade!

Obrigado, Senhor, pela luz dos nossos caminhos, na certeza, Senhor, de que os caminhos iluminados por Ti salvam e perdoam aqueles que vivem nas trevas!

Obrigado, Senhor, pelo chamado amigo!

Ajuda-me, Senhor, a não medir esforços. E quando o cansaço de mim se aproximar, por ser ainda Espírito imperfeito, ajuda-me a pensar menos em mim e mais em nossos irmãos.

Obrigado, Senhor, pelo grande alimento que me sustenta as forças e me abre os braços em prece para receber a Ti, através daqueles que, como eu erraram muito, e necessitam trabalhar.

Ajuda-me, Senhor, a saber agradecer sempre!  Assim seja!

Fonte:www.verdadeluz.com.br/terra-e-grande-escola-das-almas-chico-xavier/

THALES RIBEIRO DE MAGALHÃES - Rio de Janeiro

Diretor do Museu Odontológico Salles Cunha (ABO/RJ)








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