ALFREDO CAMPOS PIMENTA – Caxambu/MG
Idealizador, 1º Presidente e
Atual Presidente de Honra da SBDE
VINTE E CINCO ANOS SEM DANTAS MOTTA
(Fevereiro/1999
– Fevereiro/1974)
Não cuido de achar a vida um bem apenas meu,
se a vida se repete como o pão, como a chuva.
José Franklin Jassena de Dantas Motta nasceu aos 22 de março de 1913,
em Aiuruoca/MG.
Foi um mago da Literatura, da Advocacia Criminal, da História.
Tive o raro privilégio de com ele conviver nas décadas 1950 / 1960. Por
esse saudoso e já distante tempo, conheci sua generosidade e o poder de sua
palavra e ideias.
Frequentava o Bar do Kalil, em Caxambu, e ali nos encontrávamos.
Disse-me certa vez, repentina e eloquentemente:
- Recebi seu cartão belo e magnífico. Isso mostra o sentido
artístico de que são possuidores todos os sujeitos que cuidam da sala de
visitas do corpo humano: a Boca. Pois é ela que ri. Mais: que fala. E deve
falar e rir bonito donde a razão porque sempre entendi que somente um homem,
como Tiradentes, Patrono de vocês, seria capaz de rir e falar bonito, pelo fato
de haver botado essas virtudes, essa alma, na boca dos outros, tendo-as em sua
própria.
Gravei e reconstituo, textualmente, a força de sua poesia e assinalo a
data: 24 de novembro de 1969.
Enfrentou, destemido, centenas de embates jurídicos, no sul de Minas,
no Vale do Paraíba e outros tantos lugares, sempre incólume e vencedor – até
contra o célebre Sobral Pinto.
Em 1972, acolheu uma causa em que, vil e infundadamente, desejavam
condenar-me administrativamente por alegada infração ética.
Numa madrugada de 1973, estava em sua casa, no fascínio da mágica
Aiuruoca. O combinado era que fosse
comigo a Belo Horizonte, mas deu-me a defesa por escrito, salientando a
única que assim fiz. Uma rara peça processual, que guardo com desvelo e
extremo carinho.
O sábio, o humilde e bom Dantas, ao mesmo tempo que irrequieto, triste
e melancólico, expressava o genuíno ar de mineiridade, escondendo uma
inexcedível bagagem cultural. Era
querido e profundamente admirado por todo o “eixo” Minas-Rio-São Paulo.
Citarei alguns de seus melhores amigos: Agenor Gomes Pinto, Almeida
Salles, Arnaldo Pedroso D’Horta, Carlos Drummond, Flávio Carvalho, João Condé,
Júlio Sanderson, Mário de Andrade, Milton Campos, San Tiago Dantas e Sergio
Milliet – a nata da intelectualidade brasileira.
Escreveu notáveis livros, entre os quais Primeira Epístola de
Tiradentes aos Ladrões Ricos, da qual cito pequenino trecho: - Quando te lembrares de
mim noutras prisões, ó infante ou moço de oficina, da escola e da caserna,
considera, gravemente, e olha para este calabouço onde estou metido a ferros. E
que as escaras deles advinda me dão este aspecto triste de dor e de pena. E que comigo, afinal, ninguém se encontra
nesta prisão, salvo esta solidão. Ou, então, o Ouvidor Cleto, o qual, por vezes
e sem ser esperado, juntamente com o Escrivão Maniti ou Roiz, aqui comparece,
alta noite, a me inquirir, estando eu já tristemente a dormir. E isto tem se
verificado, às vezes noites a fio, nestes três anos de prisão, obrigando-me também,
vez ou outra, quando a madrugada amarrotada surge por detrás da grade, a
fraquejar um pouco, com saudade da liberdade...
Em 09 de fevereiro de 1974 (menos de doze
meses após nosso derradeiro encontro), aos 60 anos, empreendeu, de súbito, sem
aviso, cruelmente, a grande e misteriosa viagem de volta à eternidade do Pai,
deixando-nos pobres e cheios de nostalgia. Mas, como mede-se um homem pela
duração de suas obras, ele sobrevive, reconhecidamente e do que há sobejas
provas.
A bem da verdade: Dantas Motta foi uma das mais brilhantes
inteligências deste século. Sua memória,
preservada, nos dá alento para o novo e bem-aventurado milênio.
Disse dele Drummond, à beira do túmulo:
- Que cavaleiro andará por aí, na noite,
sobraçando petições e estrofes, brigando com os ventos e as chicanas, defensor
quixotesco do direito dos pobres? A um clarão, reconheço-o.
É Dantas Motta, é o poeta, é o homem, é a saudade
dele na sala.
ANTÔNIO INÁCIO RIBEIRO – Guarapari/ES
Especialista em Marketing (PUC)
Master Business
Administration (FGV)
Administrador
(Universidade Mackenzie)
Cronista semanal em www.folhaonline.es
Honorário – Diretor de Divulgação
A MOQUECA CAPRICHADA EM GUARAPARI
TEM MAIS SABOR!
Já sei! Estão
pensando que é sem “r”, com “x” e não com “ch”. Está bem, a com “x” tem em todo
o Espírito Santo, mas a com “ch” é em Guarapari.
Sejam as
sofisticadas de Meaípe ou as por quilo no Centro, as daqui têm um toque
especial que as diferenciam. Com um hábito de todo o fim de semana ir a uma
praia diferente neste Estado abençoado e privilegiado, para conhecer e poder
difundir melhor as maravilhas daqui, acho que já provei de todas as principais
moquecas disponíveis no Espírito Santo.
Os gaúchos têm o
churrasco, os catarinenses o rodízio de camarão, os paranaenses o barreado, os
paulistas o virado, os cariocas a feijoada e os mineiros o pão de queijo. Todos
com um marketing forte em cima e muita badalação para divulgar.
De todos quem
melhor aproveitou sua comida típica para promover o seu Estado, foram os
gaúchos, que saíram pelo País afora e exterior, montando churrascarias e
ganhando dinheiro com sua cultura e tradição. Um modelo a ser pensado.
Talvez a
variedade de carnes tenha ajudado a dar um gosto especial à comida dos pampas.
Nos demais parece sempre a mesma coisa. Teria que se difundir mais as opções de
diferentes tipos de peixe e não centrar em dois ou três.
Depois que passei
a morar em Guarapari, e mantendo contato com o Brasil inteiro, por escrever um
informativo semanal sobre motor homes, sempre sou perguntado sobre os segredos
da moqueca capixaba, lembrada pela maioria.
A iguaria da
terra que José de Anchieta, assim como eu, escolheu para terminar seus dias,
caiu na preferência nacional. Se for mais valorizada e promovida pode ser mais
uma atração turística para o Estado, até um chamariz.
O peixe fresco
preferido, oito dentes de alho, quatro tomates, duas cebolas grandes, dois
maços de coentro, um limão, uma colher de urucum, sal e azeite a gosto, são uma
fórmula infalível de sucesso, que todos conhecem.
Conhecer melhor,
sabendo distinguir e oferecer os peixes típicos das moquecas capixabas, seria
uma forma de variar e valorizar o prato.
Uma segunda forma
de difusão da comida típica capixaba é a venda a preço convidativo das panelas
de barro para fazer a moqueca. Moqueca é a capixaba, o resto é peixada...
EDIVAL
TOSCANO VARANDAS – João Pessoa/PB
Escritor e Musicista
A BRILHANTE HISTÓRIA DE UM DENTE
QUE SOBREVIVEU ÀS INTEMPÉRIES BUCAIS.
Nasci
com seis anos incompletos, isto é, quando nasci ainda faltavam seis anos para
eu nascer. Talvez, por isso me apelidaram de “Molar dos seis anos”. Nunca liguei, apesar de ficar um pouco
chateado quando me chamavam de número seis de Zsigmondy/Palmer.
Tive vizinhos que nem chegaram à idade em que
estou, e se foram bem cedo. Desde pequeno que tinha pavor às coisas
frágeis. Me esmaltei de um material altamente calcificado de hidroxiapatita,
onde deixei bem visíveis minhas estrias de Retzius, apenas para proteger-me dos
inimigos do meio bucal, visto que eu sabia que é praticamente impossível se
reparar após um ataque por decomposição.
Desde criança eu ouvia falar na tal da cárie
dentária, e tinha muito medo de contrair esta moléstia. Perdi meu vizinho da
distal no melhor de sua vida, acometido por cárie, e isso me entristeceu
bastante.
Fui um baluarte das campanhas de prevenção. Lutei
com bravura contra as placas invasoras, ergui a bandeira do Flúor, caminhei ao
lado de cremes dentais, e fui um adepto do fio dental para promover minha
saúde, mas uma coisa me intrigava e, ao mesmo tempo, me deixava indeciso: se
deveria manter as lamelas de meu esmalte reforçadas, para impedir a passagem de
microrganismos, ou se deveria combater a fermentação do açúcar e amido em meus
pontos retentivos, para que não houvesse a produção de ácido descalcificador.
Passei anos nessa dúvida, ora acidogênica e, por vezes,
proteolítica. Mas, o cansaço veio logo, e comecei a sentir algo estranho em
minhas fissuras. Era algo como uma rede nitrogenada de mucina e restos de
descamação. Imediatamente, tive que me submeter a um tratamento preventivo à
base de selantes, a fim de evitar contrair uma cárie primária, e passei um bom
período de tempo protegido desses agressores bucais.
Com o passar do tempo namorei antagonisticamente
uma coroa metálica superior, e juntos trituramos bons alimentos, contribuindo
para um digestivo bolo alimentar. Mas, o nosso namoro durou pouco. Como sempre
acontece na vida, uma incrustação a ouro de um pré-molar vizinho a mim na
distal, com ciúmes, lançava correntes galvânicas sobre mim, fazendo desse
triângulo amoroso, o motivo de minhas palpitações.
Certo dia, uma recidiva de cárie tomou conta da
coroa metálica, e ela se foi. Foi o dia mais triste da minha vida. Fiquei só,
sem nenhum antagonista e, devido à ausência de minha amada, o galvanismo bucal
que me afetava, desapareceu.
Mas aquela incrustação a ouro do pré-molar meu
vizinho, ainda me irritava. Havia brilho demais e, confesso, nunca gostei de
sua escultura. E eu, sozinho, tinha que achar um jeito de me vingar daquele
maldito pré-molar, aquele que foi, sem dúvida, o responsável pelo meu sofrimento.
E, numa manhã silenciosa, consegui, com muito
esforço, me extruir um pouco, e num ímpeto de raiva, acionei meus
cementoblastos, com o cuidado de manter a espessura normal de meu ligamento
periodontal, hiperplasiei-me gradualmente em meu cemento, apenas na porção
radicular, simulando assim uma forma moderada de uma hipercementose.
Depositei bastante cemento em minha porção
radicular, até que consegui comprometer o ápice do meu vizinho pré-molar, e
este, não suportando aquela injúria física por compressão aos tecidos, pois
continha em seu ápice uns três milímetros de guta-percha de uma sobre obturação
de seu canal, sentiu meu osteocemento que funcionava como um agente irritante,
favorecendo uma agressão química que, somada à injúria física instalada, graças
a Deus, resultou em um quadro inflamatório tão intenso que ele teve que sofrer
avulsão.
Hoje, passados alguns anos, ainda me encontro
íntegro na cavidade bucal. Apesar dessa minha camada de osteocemento, nunca fui
portador de qualquer infecção concomitante, e não possuo qualquer sintoma
clínico significativo que denuncie a presença de minha hipercementose.
Atualmente, devido à minha integridade e rigidez,
fui eleito dente pilar e possuo um
grande amigo, que trabalha como retentor extra-coronário de uma prótese parcial
removível dento-muco-suportada, e que vive a me abraçar em minhas superfícies
lingual e vestibular.
Apesar de toda essa integridade em que vivo, graças
ao meu esforço, consegui sobreviver às intempéries bucais, mas nem por isso sou
feliz.
Sinto uma enorme saudade de minha antagonista, a coroa metálica superior, que daqui deste arco inferior em que vivo, eu passava as melhores horas do dia a olhar a elegante terminação cervical em chanfro que ela possuía e que, devido a uma pequena falha do agente cimentante em sua porção lingual, eu não cansava de admirar aquela linda imagem de seu sulco línguo-oclusal.
EDUARDO DE SOUZA - Rio Branco/AC
Honorário - Cine Comentário
CINEMA
PARADISO
Óscar de melhor filme estrangeiro em 1990, joia magnífica do cinema
italiano que passeia no embalo fantástico e divertido do cinema, pelo cinema e
para o cinema.
CINEMA PARADISO é simplesmente inesquecível, enaltece a sétima arte de
maneira prodigiosa.
Num pequeno vilarejo da Sicília, um cinema administrado pela paróquia
local, é palco de uma amizade insólita entre um precoce cinéfilo e um
projetista.
Ao redor de um esperto garotinho, vemos passar não só cenas das fitas,
mas elementos presentes em audiências desse tipo de evento. Espectadores de
cronologias e interesses múltiplos, que vão bem além do simples fato de
apreciar uma película. A fascinação pelo cinema do prematuro personagem é
compartilhada também pelos outros frequentadores.
Nas exibições, a mão pesada do censor, um padre que mandava cortar cenas
de beijos ou de intimidade que lhe parecessem invasivos da boa fé católica. A
emoção, o choro e aplausos emanavam da plateia naturalmente, em função do que
era visto na tela.
Uma quase tragédia leva nosso imberbe protagonista a operar os
projetores, e nesse ínterim, o vemos chegar à sua adolescência e aos primeiros
ventos do amor.
Trinta anos depois, recordações em flashback, mostram mais inúmeros
detalhes mágicos de toda a convivência e amizade desde os primeiros tempos. O
agora adulto e bem sucedido cineasta (por que será?) da pequena localidade,
retorna ao ponto de origem ao saber que seu adorado tutor tinha falecido.
A comoção envolve quem assiste e quem interpreta, desde o começo da
história, quando um garoto, (ator mirim escolhido entre 300 competidores), nos
delicia com sua perspicácia e amor pelo cinema.
O encanto está formado, e mais uma vez, a duradora paixão por essa
poesia de belas artes, nos é apresentada de forma explícita, e sem contestação
da sua grandeza.
HAROLDO ESCOREL BORGES - João Pessoa/PB
Ex-Docente da Universidade Federal da
Paraíba
Titular da Academia Paraibana de
Odontologia
O DENTISTA – ONTEM
E HOJE
Vamos
recuar apenas um século, embora com pequena citação histórica.
Com
efeito, a nobre profissão de Pierre Fauchard e de Coelho e Souza sofreu a
evolução natural, experimentada por toda e qualquer categoria ao longo dos
últimos tempos.
Em
nosso caso, caminharemos Odontologia e Medicina lado a lado pela irmandade na
área de saúde a que ambas se vinculam.
Para
começo de saída, registre-se a mudança simplória de dentista no passado para
Cirurgião Dentista atual, consolidada pelos Conselhos Federal e Regionais.
Brusco
recuo permite assinalar a presença do cirurgião barbeiro, o homem
arranca-dentes, até o profissional de hoje (em termos genéricos).
Dessa
forma, o arranca-dentes não tinha formação acadêmica, isto é, era apenas, e tão
somente, o prático reconhecido, muitos atuando em domicílio.
Este
fato permitiu a tais profissionais darem origem às querelas entre os que
atuavam à margem da lei e aqueles munidos do indispensável diploma
profissionalizante.
Em
consequência, consolidada a profissão o dentista tornou-se o senhor absoluto do
atendimento em sua área de atividade.
Característica
principal, o dentista atuava em todos os aspectos das intervenções clínicas, as
avulsões (na época, só se falava em extrações) – cerca de 80% dos atendimentos,
que chegavam aos 100% em localidades fora das capitais, no interior, até as
obturações, hoje generalizadas como restaurações.
Em
sua primeira fase, só nos principais centros já havia a preocupação de
recuperar o elemento dentário lesado pela cárie, com o tratamento dos condutos
dentários, isto é, dos canais – terminologia esta desprezada pela consolidação
de conduto dentário.
A
parte maior da cirurgia bucal era privativa do médico.
É
preciso destacar o grande diferencial, em termos gerais, entre o atendimento
nos grandes centros com as demais regiões do País, destacando-se as poucas
cidades sedes de Faculdades de Odontologia, com as demais.
O
correr dos tempos produziu a rápida evolução da Odontologia, permitindo sua
independência da Medicina.
A
criação das faculdades foi, sem dúvida, o fulcro em que se apoiou o Cirurgião Dentista
no caminho da diversificação profissional e na especialização.
Para
não perder a oportunidade, vamos citar alguns dos mais antigos dentistas
conterrâneos que atuaram no passado distante.
Dividido
em dois grupos: o primeiro, cujos nomes estão em nossa história (vide
Odontologia na Paraíba) editada em 1974 e escrita pelo CD Wílson da Nóbrega
Seixas.
No
segundo grupo, isto é, aqueles do núcleo que se constitui no divisor entre o
passado recente e o presente.
Dentre
estes, citarei de modo especial meia dúzia: Luiz Gonzaga A. Burity, Paulo
Borges, Péricles F. Gouveia, Odísio B. Duarte, Ednaldo de Luna Pedrosa, Arlindo
B. Camboim e Álvaro de Souza Lemos, entre outros.
Eles
eram absolutos, pois exercitavam todas as etapas clínicas, à exceção apenas da
confecção de suas próprias próteses – por muitos ainda chamadas chapas.
Na
época, o aproveitamento do elemento dentário comprometido era raro,
diferentemente de hoje quando partimos para o tratamento de condutos, e
consequente salva do elemento dentário comprometido.
Com
respeito à confecção das próteses, creio que apenas o doutor Burity era o único
a fazê-las.
Os
demais lançavam mão dos protéticos para suas confecções.
Detalhe da maior importância era o
fato do atendimento na época. Enquanto o paciente se sentava na cadeira
própria, nós trabalhávamos de pé; resultado: coluna deformada!
Hoje,
sabemos: o conforto do Cirurgião Dentista no trabalho sentado, maior
coparticipação da auxiliar, os equipamentos e, sobretudo, o uso da radiografia
permitem maior conforto profissional.
O
profissional moderno tem hoje inúmeros apoios que lhe permitem passar da
Odontologia empírica para a Odontologia científica.
O
ápice da carreira resultou dos programas de pós-graduação e de especialização
nos grandes centros odontológicos no País e no Exterior.
Agora,
chegamos à plenitude com o verdadeiro Cirurgião Dentista, culminando com o
profissional especializado, tal qual ocorre com a Medicina.
Assim,
não deve causar surpresa o cliente estar sendo atendido hoje por mais de um
clínico, para o correto êxito na eliminação do processo que o levou aos
consultórios.
Claro,
pois hoje você tem “seu dentista”, mas, face ao motivo que o levou à clínica
odontológica, pode vir a ser atendido por um, dois ou mais profissionais
especializados.
Está
aí devidamente sumarizado o diferencial entre o dentista de ontem e o Cirurgião
Dentista de hoje.
Aquele
dentista do passado, com o Cirurgião de hoje escudado na tecnologia e, em
consequência, adotando a Odontologia Científica e vendo a Odontologia arcaica
ir para as calendas gregas.
Está aí justificado o desdobramento em leque da clínica moderna, com os profissionais levando o cliente para três ou mais especialistas, a exemplo da clínica médica, mutatis mutandis.
JORGE DE ANDRADE MOTA - Porto Alegre/RS
Contista várias vezes premiado, também no Exterior
JOSÉ DILSON VASCONCELOS DE MENEZES – Fortaleza/CE Titular da Academia Cearense de Odontologia - Vice-Presidente da SBDE
PIERRE
FAUCHARD,
O PAI
DA ODONTOLOGIA MODERNA
Pierre Fauchard nasceu em Saint-Denis de Gastines em 1678. Oriundo de uma família modesta, aos 15 anos ingressou na Marinha Real.
Embarcado,
iniciou-se na prática de medicina militar, sob a orientação do cirurgião naval major
Alexandre Poteleret, prestando assistência aos marinheiros que sofriam na boca
os estragos do escorbuto que à época grassava entre os embarcadiços.
Poteleret, que há anos
estudava as doenças bucais, estimulou Fauchard a realizar investigações sobre
as descobertas de seus antecessores na arte de curar.
Após quatro anos
embarcado, deixou a Marinha, tendo passado a residir em Angers, onde montou
consultório dentário. Nessa cidade, que à época constituía destacado centro
universitário, adquiriu grande fama como dentista sem, todavia, ter frequentado
nenhum curso.
Posteriormente,
mudou-se para Paris, onde, graças a sua excelente atuação profissional, se
consagrou como o mais proeminente Dentista de toda a França.
Leitor voraz e ávido por ampliar seus
conhecimentos, cultivava imenso entusiasmo em aprender e compartilhar o saber
com outros.
Era, com frequência,
solicitado por eminentes cirurgiões gerais para consultas e pareceres relativos
aos dentes e à cavidade bucal.
Antes de Fauchard, os
dentistas eram chamados de dentateurs (fabricantes
de dentadura) e poucos dentre eles faziam extrações dentárias.
Os barbeiros, àquela época, verdadeiramente
cirurgiões, além de especialistas em aplicar sanguessugas na realização de
sangrias, extraíam dentes.
Desde que residia em
Angers, Fauchard denominava-se Chirurgien
Dentiste. A sua prática não de resumia em extrair dentes, pois os obturava,
removia tártaro, assim como procedia a exérese de tumores benignos da gengiva.
Precocemente,
manifestou excepcional habilidade na confecção de próteses dentárias.
Além de constituir-se
o primeiro profissional dedicado à atuação dentária a considerar a Odontologia
como uma arte e uma ciência, em vez de mero trabalho exercido por pessoas
habilidosas, mas sem estudo, foi igualmente pioneiro em manifestar-se favorável
às medidas preventivas, recomendando a escovação dos dentes e o uso de
enxaguatórios bucais.
Descreveu muitas
próteses dentárias e métodos de substituir a perda de alguns ou de todos os
dentes. Colocava dentes artificiais de blocos talhados em marfim, de osso ou de
dentes humanos, mantendo-os fixados a dentes hígidos com fios de ouro.
Em 1723, Fauchard
concluiu a sua obra Le Chirurgien
Dentiste todavia, somente
após 05 anos, em 1728, esse valioso compêndio foi publicado, em francês,
reunindo, em 02 volumes, 863 páginas. Duas outras edições vieram a público em
1746 e 1786. Sua tradução para o alemão surgiu em 1773, tendo somente em 1946 sido
traduzida para o inglês.
Le
Chirurgien Dentiste alcançou, à época, considerável repercussão pelo fato
de se constituir um verdadeiro marco na evolução da Odontologia. Pelos
conceitos científicos introduzidos, valeu a Pierre Fauchard o epíteto de Pai da Odontologia Moderna.
Vale destacar o fato
de que que, esse valioso livro, que encerra incomensurável soma de conhecimentos,
antecipou-se 122 anos ao surgimento da 1ª Escola de Odontologia do mundo –
Baltimore College of Dental Surgery – sucedido nos Estados Unidos da América do
Norte, em 1840.
Seu falecimento
ocorreu em Paris, 1761, aos 83 anos.
Um exemplar de Le Chirurgien Dentiste, em 02 volumes,
encontra-se em exposição no Museu Benito Vasconcelos Tavares, da Academia
Cearense de Odontologia, doado pelo colega Thales Ribeiro de Magalhães, Diretor
do Museu Salles Cunha, da Associação Brasileira de Odontologia – Seção do Rio
de Janeiro, e Titular da SBDE.
LUIZ MANOEL DE FREITAS - Natal/RN
Idealizador / Superintendente Técnico do
PROJETO REVIVER (Parceiro)
LÁ DE DENTRO
Eu sou educador, quando a mim cabe contribuir para
a formação do semelhante. Mas sou Professor, quando pura e simplesmente repasso
conhecimentos.
Amigo, quando meu ombro ofereço e meu peito abro
para acolher. Mas sou homem, humano e trago em mim carência, tristezas,
emoções, sentimentos bons e ruins.
Às vezes, pareço ser egoísta, mas não atropelo para
satisfazer meus desejos.
Sou errado, sou certo. Tudo depende da concepção de
quem me olha, não de quem me vê.
Aceito ou não, mas nem sempre rebato; no silêncio,
calo e choro. Ou grito e escrevo. Sempre na perspectiva do transmitir. Não ensinar, mas oportunizar a aprendizagem.
Sigo o caminho da espiritualidade, e deixo o
material em segundo plano. Faço doação do meu sentir, mas não me deixo
explorar. Abraço, e nos meus braços transmito, e em cada abraço sinto que
repasso energia.
Tento não estar no meio termo. Acredito em mim, e
não me vejo filho do amor que há entre Deus e o diabo. Do bem e do mal.
Sou originado do bem e, por isso, convivo com os
bons. A eles dou guarida. Não exijo nada em troca, mas peço e aceito, carinho,
afeto.
Não necessariamente gozo. Porque o prazer não
precisa culminar, pois, a culminância do prazer oferece o risco de acabar, ou
de trazer sofrimento, porque pode-se criar perspectiva de repetição.
Gosto dos bons e com eles convivo.
Quanto aos maus, de acordo com minha percepção, dou
uma segunda e até terceira chance, pois, no meu egoísmo, posso ter feito
julgamento errado, e acredito em mudanças, desde que se torne um desejo
pessoal, não induzido. Pode ser fruto de nova percepção ou melhor de reflexão.
Dou e peço perdão. Portanto, me perdoa. E me ama.
Pois o amor pode surgir do nada, involuntariamente, de repente. Pode morrer no minuto seguinte ou perdurar,
se for cultivado sem egoísmo e controle, sem sentimento de propriedade e domínio.
Abro sempre a gaiola do meu coração, tento ter a mente leve, e insisto em usar a razão como referência para manter o amor sempre livre, mesmo que seja um elemento de extrema importância e necessidade que vive lá...bem no íntimo, dentro de mim!
MAILSON FURTADO VIANA - Varjota/CE - Honorário Vencedor da 60º edição do Prêmio Jabuti e Livro do Ano – 2018.
pai carregava o sol toda
manhã
de tanto e tanto
frestas rasgavam o
trançado do chapéu
e tudo já era dormente
e tudo era ir e ir e ir
a cumprir a promessa do
dia seguinte
pagar a vida inteira.
NELSON RUBENS MENDES LORETTO - Gravatá/PE
Professor Adjunto da FOP-UPE - 1º Secretário da SBDE
OBRIGADO, SENHOR!
Obrigado, Senhor, por me
teres aceitado nos seus campos verdejantes, onde as flores do trabalho se
multiplicam a cada instante, nas mãos dos seareiros de boa vontade!
Obrigado, Senhor, pela
luz dos nossos caminhos, na certeza, Senhor, de que os caminhos iluminados por
Ti salvam e perdoam aqueles que vivem nas trevas!
Obrigado, Senhor, pelo
chamado amigo!
Ajuda-me, Senhor, a não
medir esforços. E quando o cansaço de mim se aproximar, por ser ainda Espírito
imperfeito, ajuda-me a pensar menos em mim e mais em nossos irmãos.
Obrigado, Senhor, pelo grande
alimento que me sustenta as forças e me abre os braços em prece para receber a
Ti, através daqueles que, como eu erraram muito, e necessitam trabalhar.
Ajuda-me, Senhor, a
saber agradecer sempre!
Assim seja!
Fonte:www.verdadeluz.com.br/terra-e-grande-escola-das-almas-chico-xavier/
THALES
RIBEIRO DE MAGALHÃES - Rio de Janeiro
Diretor do Museu Odontológico Salles Cunha (ABO/RJ)
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