domingo, 1 de novembro de 2020

NOVEMBRO DE 2020 - ANEXO AO JORNAL MENSAL

 

         TALENTO LITERÁRIO DE TITULARES                             E HONORÁRIOS


ANDREIA PERLINGEIRO BASTOS - Rio de Janeiro/RJ

Diretora Científica da Associação Brasileira de Medicina Orofacial

 

LEGISLAÇÃO EM HARMONIZAÇÃO OROFACIAL (HOF)

A Harmonização Orofacial ganhou mais força e visibilidade após o seu reconhecimento, através da Resolução CFO-198, de 29 janeiro de 2019, assinada pelo então Presidente do Conselho Federal de Odontologia, Dr. Juliano do Vale, onde a reconhece como Especialidade Odontológica.

Desta forma, a Odontologia tem muito a ganhar com este reconhecimento, pois se sente confortável por estar realmente em sua área de atuação e protegida pelo seu Conselho de Classe.

Embora essa Resolução seja um ganho para a valoração da Odontologia para além dos dentes, é necessário compreender todo o processo legal construtivo.

Diante do exposto, relacionamos uma sequência cronológica das principais legislações ao longo de uma década, para facilitar a compreensão dos leitores.

Em, 1932, através do Decreto Federal 20.931, que regula o exercício da Odontologia, dentre outras profissões, estabelece que o Cirurgião Dentista pode prescrever anestésicos de uso tópico, e medicamentos de uso externo para os casos restritos de sua especialidade.

Há aproximadamente 10 anos, quando a gestação da Harmonização estava só iniciando, atuávamos com embasamento na Lei Federal 5.081, de 24 de agosto de 1966, a qual regula o exercício da Odontologia, estabelecendo a prática dos atos pertinentes à Odontologia, decorrentes de conhecimentos adquiridos em cursos regulares ou em cursos de pós-graduação, além da prescrição e aplicação de especialidades farmacêuticas de uso interno e externo, indicadas em Odontologia.

           Nessa mesma época, nos embasávamos no Código de Ética Odontológica que, segundo as atribuições específicas dos Cirurgiões Dentistas, nos garante os direitos fundamentais de diagnosticar, planejar e executar tratamentos, com liberdade de convicção e nos limites de nossas atribuições, observados o estado atual da Ciência e sua dignidade profissional.

          Eis que em 2005, a Resolução CFO 63, de 08 de abril, aprovou a consolidação de normas para procedimentos nos Conselhos de Odontologia, onde a estética se faz presente em determinadas condições, sendo um fator indissociável para a finalização do tratamento odontológico.

         Fica claro nas legislações vigentes, que a prática dos atos pertinentes à Odontologia, tais como prescrever e aplicar especialidades farmacêuticas de uso interno e externo, faz parte do rol de procedimentos pertinentes à clínica diária dos Cirurgiões Dentistas.

        A nossa luta permaneceu por longos anos. Em 2010, através da Resolução CFO 100, de 18 de março, ressaltou-se a importância dos profissionais de saúde em buscar pelo interesse e o bem-estar do paciente, baseando-se no respeito mútuo, na liberdade e independência dos profissionais.

       Em 2011, em 30 de junho, foi lançada uma nota oficial pelo Conselho Federal de Odontologia sobre a utilização da toxina botulínica e o ácido hialurônico, resolvendo permitir e esclarecer a classe odontológica sobre a utilização de tais substâncias pelo Cirurgião Dentista.

A Resolução CFO 112, de 12 de setembro de 2011, resolveu proibir o uso do ácido hialurônico na Odontologia, e restringir a utilização da toxina botulínica para fins exclusivamente terapêuticos.

            A nossa luta continuou, onde buscamos seguir com aprimoramentos constantes, baseados nas evidências científicas.

           Em 2014, a Resolução CFO 145 e CFO 146 alteraram a redação de artigos da Resolução CFO 112, permitindo o uso do ácido hialurônico nos procedimentos odontológicos e da toxina botulínica, exclusivamente para fins terapêuticos.

          Após grande período de questionamento sobre a proibição do uso da toxina para fins estéticos, entre outros aspectos importantes que deveriam ser pontuados e esclarecidos à comunidade odontológica, em 2016, a Resolução CFO 176, de 06 de setembro, revogou as Resoluções CFO-12/2011, 145/2014 e 146/2014, aprovando outra em substituição, resolvendo autorizar a utilização da toxina botulínica e preenchedores faciais para fins terapêuticos e/ou funcionais, desde que não ultrapasse a área de atuação do Cirurgião Dentista.

Vale ressaltar que a tão questionada publicidade dos casos clínicos, conhecida como “antes e depois”, foi autorizada através da Resolução CFO 196/2019, permitindo a divulgação de autorretratos e imagens relativas ao diagnóstico e resultado final dos tratamentos, sendo obrigatório a colocação do nome do profissional e número do CRO, seguido da sigla de seu Estado.

O período longo de gestação da HOF culminou com o reconhecimento da Harmonização Orofacial como especialidade, considerando a necessidade de regulamentação da Especialidade, em virtude da existência de cursos de pós-graduação autorizados pelo MEC, em instituições de ensino superior, com o objetivo de formar Cirurgiões Dentistas especialistas em Harmonização Orofacial.

Além de critérios para o registro do título de Especialista, a Resolução preconiza e regulariza a prática das técnicas mais comuns realizadas na Harmonização.

Recentemente, tivemos a regulamentação do Artigo 03 da Resolução CFO 198, que regulamenta a prática de algumas técnicas cirúrgicas, vedando alguns procedimentos, bem como a realização de publicidade e propaganda de procedimentos não odontológicos.

Com a Odontologia contemporânea, a busca por procedimentos de Harmonização Orofacial torna-se cada vez mais constante e recorrente nos consultórios, tornando-se fundamental o reconhecimento da Especialidade.

Para a realização dos procedimentos estéticos orofaciais, o profissional deve se pautar nas indicações e necessidades reais do paciente, a fim de devolver o equilíbrio, a harmonia e a funcionalidade do sistema estomatognático, respaldados pela ética e responsabilidade profissional.

As boas práticas aplicadas à HOF, garantem procedimentos de qualidade, visando a segurança de nossos pacientes.


ANÍSIO LIMA DA SILVA  - Campo Grande/MS

Professor Titular Aposentado da

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

1º Tesoureiro da SBDE

TIO ALONSO E O NEGO D’ÁGUA

Tio Alonso viveu uma vida longa e simples, quase espartana, apesar do grande patrimônio que amealhou.

Dentre outras propriedades, foi dono de uma fazenda às margens do Rio Pardo, o caudaloso afluente do gigante Paraná, onde presenciou algo por demais extraordinário e fantasioso.

Contava que num determinado dia, ao aproximar-se da margem, seu cavalo mostrou sinais de inquietação, “cruzando as orelhas” e olhando fixo pra frente.

Tio Alonso então viu a lendária criatura que os sertanejos de todos os rincões deste Brasil costumam chamar de “Nego d´água, ou Caboclo d´água”. 

Com sua voz calma e pausada, relatava que, por um instante, a criatura negra e musculosa, sentada numa pedra no meio do rio, o fitou com olhos vermelhos brilhantes, e a seguir deslizou mergulhando na correnteza.

O dia 19 de março, dia de São José, costuma marcar as últimas chuvas do verão, às quais muitos se referem como a “enchente de São José”.

Algumas semanas depois, o Rio Pardo começa a perder o aspecto barrento que lhe dá nome e passa a ganhar, gradativamente, uma coloração mais clara, de um verde esmaecido.

Ainda que não atinja a exuberância, a limpidez e a cor esmeraldina brilhante do seu irmão, o Rio Verde, o Rio Pardo vai se tornando cada vez menos barrento e mais esverdeado, à medida que a estação seca avança.

Suas águas esquentam, a partir de meados de agosto, e então se inicia o melhor período para a pesca dos pacus, piaus, piavuçus, piaparas, dourados e outras espécies abundantes nos rios dessa região do sudeste do Estado de Mato Grosso do Sul.

É também o início da brotação, e com ela a florada dos ipês, dos jacarandás e de outras muitas espécies que compõem um mosaico de cores de uma beleza inigualável. 

Em um dia ensolarado e quente, batido pelo vento morno, os ipês das margens despejam suas flores roxas, brancas ou amarelas, enfeitando a superfície do rio com belíssimas cores iridescentes, que nem o mais habilidoso pintor seria capaz de recriar.

Os macacos costumam frequentar as margens, às vezes, atirando favas e ramos para afastar intrusos, inclusive raros pescadores, enquanto antas e cervos nadam de uma margem a outra e um solitário pato selvagem muda de margem num voo desajeitado e barulhento.

Um enorme tamboril é ocupado por um casal de urubus-rei que fez seu ninho na copa mais alta e todo ano é visto no mesmo lugar.

Outras vezes, em noite quente o brilho da lua cheia refletido nas águas emolduradas pela mata bem preservada, como um imenso espelho prateado, oferece um espetáculo de beleza e magia indescritíveis.

Minha paixão pela natureza e pela pesca, meu gosto por um pouco de aventura, que persiste teimosamente. mesmo no outono da vida, me leva a navegar por essas paragens, palco da fantástica história relatada pelo tio Alonso, e me considero privilegiado por conviver e admirar tais belezas.

Mas devo confessar que, verdade ou fantasia, a história, associada aos mistérios dessa natureza belíssima e selvagem, bruta e quase intocada, às vezes, me causa medo e arrepios. Especialmente em noites de lua clara.

Pelo sim ou pelo não, vale o dito que reflete a sabedoria popular: Prudência e canja de galinha nunca fizeram mal a ninguém!  !No creo en brujas, pero que las hay, las hay!

ANTÔNIO INÁCIO RIBEIRO - Guarapari/ES

Especialista em Marketing (PUC)

Master Business Administration (FGV)

Administrador (Universidade Mackenzie)

Cronista semanal do jornal “Folha on line.es”

Honorário – Diretor de Divulgação

 

ALTA LUMINOSIDADE DO SOL E DA LUA

CURAM MAIS E MELHOR EM GUARAPARI


Praia das Castanheiras


 

Para resumir, a do sol cura o corpo, a da lua cura a alma e para completar, a água daqui acalma a mente. O sol não só bronzeia, como diminui ácaros, fungos e bactérias, causadores de irritações cutâneas.

Na Cidade Saúde, o sol e a lua brilham 300 dias do ano, dando uma sensação de verão o ano inteiro, principalmente durante o dia e a brisa do mar espalha saúde, tendo a montanha para retê-la no litoral.

As 52 praias de Guarapari são o palco onde se processam estes milagres. Para identificar o agente destas curas, basta olhar o céu que aqui é mais azul e a água que pela cor e transparência, lembram o Caribe.

A natureza é moldura de tanta beleza, onde até as estrelas brilham mais e são em maior quantidade. Quem vive aqui tem menos doenças, inclusive as mentais e vai mais longe, com qualidade de vida para desfrutar a melhor idade.

O sol do ano inteiro dá uma cor bronzeada natural na pele, deixando os que vivem aqui e os que passam temporadas inteiras, com uma aparência mais saudável. Isso eleva a auto-estima e dá mais motivação para viver e aproveitar.

A lua nas suas várias fases, por ser a beira mar, deixa mais claras as noites, incentivando o sair para prolongar o dia, principalmente para os momentos de laser, além de iluminar os caminhos que conduzem de volta para o lar.

Tudo isso interfere no sono, que aqui é mais repousante, tanto ao corpo, como para a mente. Na Cidade Saúde, dormir e acordar são um prazer que se renova a cada dia, fazendo termos sempre mais disposição.

Quem morou, como eu, 20 anos em Porto Alegre, 15 em São Paulo e 30 em Curitiba, onde mais da metade dos dias do ano são nublados, sabe bem disso. A maioria lá anda de carro, ônibus e metrô, sem ver o céu e o sol.

Pelo frio do sul, andam com muita roupa, caminham menos, tem a pele mais branca e mais predisposição a doenças, principalmente as da derme, circulatórias e principalmente as respiratórias.

Aqui o sol nasce todos os dias logo ali na nossa frente, bem quente. E a lua também aparece deixando o mar iluminado. Um privilégio viver aqui.

Em Guarapari se vive mais por se viver melhor!

Fonte: https://www.folhaonline.es/

 

EDIVAL TOSCANO VARANDAS – João Pessoa/PB

Escritor e Musicista

 

A VERDADEIRA HISTÓRIA DO CASAMENTO

DE DONA AMÁLGAMA COM O SENHOR HOLLENBACK

 

Era um dia quente. O calor aumentava sua intensidade, tornando o sol três vezes mais potente que o normal; era o tricresol propriamente dito.

Mesmo assim, dona Amálgama estava tranquila. Acordou sorridente, limpou a boca com sensodyne, gargarejou cepacol  na cuspideira, tomou um belo banho com água de cal, colocou um pouco de EDTA nos cabelos para melhor afrouxar os íons, ajeitou-os com a escova de Robinson em frente ao espelho bucal, e partiu para a manicure.

Não se podia dizer o mesmo do senhor Hollenback, nobre inglês de família Liverpooldiana, acostumado com as coisas certas nas horas certas.

Acordou dando polpa em seus criados. Estava irritadíssimo por não encontrar seus óculos de estimação. Chamou seu mais antigo criado Alganol e disse:

- Procure já meus óculos que eu tenho que ir ao barbeiro!

Assim foi o dia do casamento de Dona Amálgama com o Senhor Hollenback. 

À noite, aos poucos, os convidados iam chegando à igreja de Nossa Senhora do Cadinho. Primeiro, entraram os irmãos Dakin e Odakan, acompanhados de suas respectivas esposas.

Em seguida, Valmicid e seu marido Dappen e, ocupando os primeiros lugares do banco da igreja, a família S. S. White

Às 14 horas em ponto, o senhor Hollenback, com aquela sua tradicional pontualidade britânica, pôs os pés na igreja.

Todo de negro, usando um modelo de nycron da syntrex, ostentando um enorme kavo na lapela, acompanhado de sua genitora, caminhou em direção ao altar ao som da marcha nupcial de Degussa.  Aos poucos, a impaciência tomou conta do senhor Hollenback: a demora da noiva. Olhou nervosamente o relógio, os ponteiros andando, ouvindo-se somente um som: tic-tac, tic-tac, adaptic-tac... 

De repente, eis que, depois de trinta minutos de espera, todos se levantaram para admirar a entrada de Dona Amálgama. O senhor Hollenback não acreditava no que estava vendo.

Tirou seus grandes óculos, limpou-os com um lenço, tornou a colocá-los, aquele óclusão de estimação para ver se conseguia admirar melhor sua noiva. 

Realmente, Dona Amálgama estava linda! Toda de branco de Espanha, um vestido da última moda, confeccionado pelo famoso figurinista francês Le Cron, tendo no pescoço uma reluzente gargantilha de cones de prata com pontas diamantadas, segurando em sua mão direita um enorme buquê de cera rosa Wilson

Emocionada, com sua dentadura apresentando movimentos de báscula, Dona Amálgama seguiu por aquela passarela anti-abrasiva, tentando não escorregar, chegou pelo lado distal  de seu noivo e o encontrou elegantemente duro, tal e qual o gesso pedra, e acoplado ao altar como o pistilo  no gral. 

Era o primeiro casamento da paróquia que não era celebrado por um padre. Convidado especialmente da cidade de Godiva, na Itália, o Papa Nicolau  ergueu os braços, benzendo os noivos, selando assim o jeltrate religioso com efeito civil, conforme ensinam os mandamentos da Santa Madre Igreja. 

Marido e mulher, Dona Amálgama e o Senhor Hollenback,  partiram em lua de gel com destino à Gutapercha, cidade da Hungria. 

Um elegante apartamento compartilhava o aconchego dos dois no luxuoso Hotel Dabi, próximo à estação de Trendelemburg. Nunca o senhor Hollenback pensara que tivesse tanto prestige em países estrangeiros.

A noite era propícia para o amor. E o senhor Hollenback, num gesto de nobre inglês, orgulhoso de seu anel de cobre, abriu uma garrafa de soda clorada e ofereceu à Dona Amálgama numa taça de borracha.  Embriagados pelo amor que os unia, o senhor Hollenback perguntou à Dona Amálgama se ela kerr compartilhar consigo o leito nupcial. Como a resposta fora afirmativa, ele a carregou nos braços num ímpeto de “enfim sós”, e a colocou sobre aquele colchão de ar, cobrindo-a em seguida com um lençol de borracha.

E num gesto de afeição e carinho, acariciou o seu bico de Bunsen e, com intenções apicais, hesitou um pouco se devia extrair o nervo de Dona Amálgama, tímido e humildemente, pediu-lhe que ela tirasse suas pontas de papel absorventes

E, quando os corações se confundiam em seus palpitares, eis que no silêncio daquela noite romântica e calada, ouviu-se um grito: - AAAAAAiiiiiiii!!!!!!...

Era o grito da Amálgama dizendo:  - Pode vir, querido inglês, que eu já estou pronta para ser esculpida!!! 

 

EDUARDO DE SOUZA

Rio Branco/AC – Honorário - Cine Comentário

 

O SÉTIMO SELO - (1957)  Det sjunde inseglet

Avaliação pública do filme: 8.2

Um dos grandes filmes da obra de Ingmar Bergman, foi premiado pelo Júri Especial do Festival de Cannes, na França em 1957, e foi também selecionado pelo Vaticano como uma NOTÁVEL, entre 45 outras grandes películas, que interessaram à Santa Sé.

Talvez porque o filme lida intrinsicamente com religião e morte, tentando desvendar mistérios inalcançáveis.

Analogias, correspondências e associações, inundam a tela, com os questionamentos de um cavaleiro que volta das Cruzadas, juntamente com um escudeiro prático e sarcástico.

Eles encontram sua terra devastada pela peste, e consequentemente, mortes em larga escala, produzidas pelo flagelo.

No contraponto de tanta tragédia, um casal de atores com uma criança e sua trupe de teatro e pantomimas, é introduzida na trama, numa, talvez, representação de renovação da vida em meio à praga epidêmica.

Numa cena clássica e icônica nos anais do Cinema Mundial, a morte “em pessoa”, aparece e se apresenta ao Cavaleiro, dizendo que sua hora chegou.

Depois de participar de sangrentas batalhas durante as Cruzadas, o cavaleiro lembra a aparição que ela sempre esteve do seu lado, não daria para esperar mais um pouco?

Em seguida, desafia a Morte para uma partida de xadrez. Desafio aceito, mas com a agourenta adversária reafirmando sua perícia no jogo proposto.

Está formada uma das maiores metáforas do cinema. Com o “adiamento” concedido pela partida de xadrez, o Cavaleiro tenta aproveitar o tempo que lhe resta, se jogando numa busca delirante para entender o seu objetivo na Terra.

Sua devoção não é suficiente para aplacar a curiosidade e a necessidade de falar direto com Deus. A inevitabilidade dos fatos é dividida com personagens conformistas, encontrados ao longo da sua procura, sempre com a mórbida ironia do seu escudeiro.

Com um roteiro reescrito e modificado 5 vezes, até sua forma final, Bergman expõe, através do seu trabalho, um Cinema Sueco de alta respeitabilidade. 


IRISLENE CASTELO BRANCO MORATO 

Belo Horizonte/MG

Academia Mineira Feminina de Letras

Presidente Coordenadora da AJEB–MG

{Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil}

 

ATRAÇÃO

Somos caminhantes

Desse Universo

Em expansão

Somos Atraídos

 

Através do pensamento

A níveis e energia

Semelhantes

O conhecimento nos liberta

E nos torna pacíficos

 

A luz que vinha de você

Misturou-se a minha luz

Senti uma vibração interna

Que me fez levitar

 

O prazer que senti

Foi indescritível

Sem palavras

O tempo passou

A não existir!

 

JOSÉ ANSELMO CÍCERO DE SÁ   - Rio de Janeiro/RJ

Academia de Artes, Ciências e Letras do RJ

Cadeira nº 29 - Patrono: Quintino Bocaiúva

 

OS FATOS SOCIAIS NA VISÃO DE DAVID ÉMILE DURKHEIM

   David Émile Durkheim nasceu na cidade de Épinal (região de Lorena/França) no dia 15 de abril de 1858.

   Faleceu em Paris, em 15 de novembro de 1917. 

   Viveu numa família muito religiosa, pois seu pai era um rabino.    

   Porém, não seguiu o caminho da família, optando por uma vida secular.

   Desde jovem, foi um opositor da educação religiosa e defendia o método científico como forma de desenvolvimento do conhecimento.

   Em boa parte dos seus trabalhos, procurou demonstrar que os fenômenos religiosos tinham origem em acontecimentos sociais. 

   Aos 21 anos de idade, Durkheim foi estudar na Escola Normal Superior (École Normale Supérieure) e passou a dedicar-se ao mundo intelectual. Formou-se, no ano de 1882. Cinco anos após sua formatura, foi trabalhar na Universidade de Bordeaux como Professor de Pedagogia e Ciência Social. Neste período, começaram seus estudos sobre Sociologia.

   Segundo Durkheim, existem fenômenos sociais que devem ser analisados e demonstrados com técnicas especificamente sociais; a sociedade era algo que estava fora e dentro do homem ao mesmo tempo, graças ao que se adotava de valores e princípios morais; as pessoas se educam influenciadas pelos valores da sociedade onde vivem; a sociedade está estruturada em pilares, que se manifestam através de expressões (conceito de estrutura);  numa sociedade cada indivíduo deve exercer uma função específica, seguindo direitos e deveres, em busca da solidariedade social. Desta forma, pode-se chegar ao progresso e avanço para todos.

   As suas principais obras são: A divisão do trabalho social (1893); As regras do método sociológico (1895); O suicídio (1897); A moral (1902); As formas elementares da vida religiosa (1912); Lições de Sociologia (1912).

   Para ÉMILE DURKHEIM, a sociedade prevalece sobre o indivíduo. A sociedade para ele é um conjunto de normas de ação, pensamento e sentimento que não existem apenas nas consciências dos indivíduos, mas que, são construídas exteriormente, isto é, fora das consciências individuais, podendo-se dizer que na vida em sociedade o homem defronta com regras de conduta que não foram diretamente criadas por ele, mas que existem, e são aceitas na vida em sociedade, devendo por isto, ser seguidas por todos.

   Não fossem essas regras, a sociedade não existiria, e é por isso que todos devem obedecer a elas.

Fonte: Seu livro Tempo de Estudo Maçônico – Volume 04.

 

JOSÉ ROBERTO DE MELO -  Em Memória

VELHICE CHEGANDO...

Em março, venceu a validade da minha carteira de motorista. Tirada fazia mais de 60 anos. Durante todo este período não atropelei nem matei.

Por via das dúvidas, antes do exame no DETRAN, procurei um oculista do plano de saúde, que me tranquilizou, dizendo que minha vista dava para passar em qualquer exame.  Não precisava nem trocar os óculos que já tinha usado da última vez examinado para mudar a carteira.

Não deu muito tempo para ficar alegre, pois, ao sair do médico, resolvi dar uma volta no Shopping Plaza, onde eu estava, e caí da escada rolante. Uma queda dessas que autor de novela usa para matar personagem. Num instante, vi o andar do centro de compras se enchendo de gente, querendo ver o desgraçado deitado no chão, e saber se ainda estava vivo. 

Num piscar de olhos apareceram os bombeiros para me socorrer, afastando o povo. Fui por eles tratado muito bem, me colocaram um colar, e deitaram amarrado em uma padiola. Recomendavam a todo instante que eu não me mexesse. Logo mais eu estava sendo transportado para um hospital. Todo arranhado, sangrando em vários lugares e com uma dor terrível no quadril esquerdo.

A escolha do hospital foi de Ana Maria, minha mulher, que me acompanhava e assistiu a tudo. Foi para o Memorial São José que fui levado. Uma escolha infeliz. Atendido por uma médica que parecia ter nojo do paciente, passei depois 03 horas deitado em uma maca dura, esperando para fazer uma tomografia. Isso, apesar das reclamações de minha mulher e do meu filho Roberto que, avisado, tinha ocorrido ao hospital.

Eles alegavam que o paciente tinha chegado de ambulância, tinha 85 anos e era diabético. Nada adiantava!  Somente depois, soube que tinha fraturado a clavícula direita que até hoje permanece fora do local primitivo.

A dor no quadril, diagnosticada como uma tendinite, me deixou sofrendo um mês. Quando terminou o remédio controlado, tentei procurar a médica, mas, me informaram que nem o telefone dela era permitido fornecer. Tive que recorrer a outro profissional.

Um mês depois, o quadril deixou de doer e resolvi fazer o exame para revalidação da carteira de motorista. Fui mandado para uma médica que, de início, expulsou da sala Ana Maria que me acompanhava.

Fez um exame rigoroso. Obrigando, entre outras coisas, a exigir que eu, de pé, manobrasse pedais hipotéticos. Até um dinamômetro, aparelho que mede a força muscular, apareceu.

Aos poucos eu sentia que estava caminhando inexoravelmente para a reprovação, não antes que Ana Maria fosse convocada para assistir.

Logo o veredito foi anunciado e que eu traduziria assim: Meu olho direito não valia mais nada e eu era um velho com prazo fora da garantia.

Se desgostasse da decisão dela recorresse, e ia ver que não adiantava. Foi aí que se identificou: Era minha ex-aluna de Histologia e Embriologia na Faculdade de Ciências Médicas (Instituto de Ciências Biológicas), onde eu fui um professor exigente que tinha feito ela estudar para conseguir passar.

Eu posso estar enganado, mas me sentia vítima da minha atividade no passado.  Sempre achei que ajudava a formar Médico e Dentista para servir à Sociedade, e não para enfeitar com diploma um indivíduo. Sempre recebi carinho de ex-alunos onde os encontrava. Sempre eles se identificam no primeiro contato e que, não raro, se prolongam com um abraço agradecido e sincero.

Encontrava agora uma antiga estudante que se vingava. E que não se conformava não ter alcançado o sonho de riqueza tido, e vivia escrevendo laudos por preço vil, de motoristas suados, para se sustentar.

Mas tinha chegada a hora de mostrar a um velho professor que tinha poder, lhe cassando o direito de dirigir.

Todavia, vendo por outro ângulo, eu devia estar diante de uma profissional honesta, ciosa dos seus deveres.

Eu é que precisava reconhecer que, como dizia o sambista, velhice chegando e eu chegando ao fim...

 

De seu apreciado blog: http://melo28.blog.uol.com.br  Postado em 28.05.13.

  

LUIZ MANOEL DE FREITAS – Natal/RN

Superintendente Técnico do

Projeto Reviver (Parceiro da SBDE)

www.reviver2003.blogspot.com

 

DISCURSO POLÍTICO

Esta é a história real de um político do interior da Paraíba que, além de analfabeto, não sabia falar em público.

No comício de encerramento da campanha, diante de suas limitações, contratou um cabo eleitoral para fazer o discurso no lugar dele.

Eis o discurso: - Os homens se contendem pelas protuberâncias conexas das excentricidades congêneres da apologética, solontrando a insipidez patológica das homogeneidades mórbidas farpantes em que o ostracismo melancólico de um traumatismo espontaneamente uniforme e retilíneo engavele os insígnes caracóides mentores das obrividências, enviperando genetrizes macropétalas de um púlcado exaurível e desnalgado, bucarejando páramos tripétalos de uma lucidez sem nexo. 

RESULTADO: Acreditem, o político foi eleito!!!

NELSON RUBENS MENDES LORETTO  - Gravatá/PE

Professor Adjunto da FOP-UPE  - 1º Secretário da SBDE

 

REALIDADES
Alegria é incentivo ao trabalho.
O sofrimento, porém, é que nos ensina a agir com segurança.
O anseio realizado é uma bênção.
A dificuldade, no entanto, é que nos induz a seguir para diante.
A tranquilidade nos renova as energias.
Entretanto, os problemas é que se nos fazem mananciais de experiência.
O desejo atendido é uma força estimulante.
A insatisfação, no entanto, é que nos suscita a sede de conhecimento.
O sonho afetivo que se concretiza é bendita oportunidade para que se aprenda a servir.
A renúncia, porém, aceita com humildade, é que fornece a medida do amor.    Pense nisso!

Da obra: JOIA (Pág. 15) – Emmanuel / Chico Xavier

 

OSMAR BARONI -  Uberaba/MG

A DIVINA

De tempos em tempos, a música popular brasileira vem revelando grandes cantoras. Hoje estão na mídia algumas que chegam a monopolizar quase todos os espaços.

Desde a consolidação do samba, nossa música teve a sua grande fase no período de 1929 a 1945, período esse que ficou conhecido como Época de Ouro, e ganhou destaque graças à configuração de fatores como: a chegada do Rádio no Brasil, da gravação eletromagnética do som, do cinema falado e, principalmente, pela feliz coincidência do surgimento de talentosos músicos, compositores e cantores.

Para se ter uma ideia, são dessa abençoada safra as cantoras: Isaura Garcia, Dalva de Oliveira e Elizeth Cardoso, que estaria completando 100 anos (1920-1989).

No Rio de Janeiro, cidade onde nasceu, Elizeth já cantava em público aos 06 anos de idade e, aos 08, dominava com extrema facilidade o repertório de Vicente Celestino nas apresentações domésticas que fazia cobrando "mil réis" da vizinhança para assisti-la.

Ainda jovem, trabalhou como balconista e cabeleireira, até ser descoberta por Jacob do Bandolim, na festa de seus 16 anos. Foi ele que a levou para um teste na Rádio Guanabara. Aprovada, nunca mais deixou de cantar profissionalmente.

Sua longa trajetória inclui passagem por muitas rádios, shows em circos, companhias de revista, cantora de dancing, cruner de orquestra e participação em filmes.

Mas sua verdadeira vocação era cantar, não antes de experimentar decepções, como quando gravou seu 1º disco, Braços vazios (Acir e Edgar Alves), e Mensageiro (Ataulfo Alves/José Batista), retirado de circulação por defeitos técnicos.

Guerreira, partiu para a 2ª gravação com o samba-canção de Elano de Paula e Chocolate, que diz assim: Saudade torrente de paixão / Emoção diferente / Que aniquila a vida da gente / Numa dor que eu não sei de onde vem...

O disco estourou, e junto com o sucesso veio o convite para se apresentar no 1º programa de televisão (Rede Tupi). Em seguida, assinou contrato para apresentar-se em Buenos Aires, Portugal, Japão e numa turnê pelos Estados Unidos acompanhada pelo fabuloso Zimbo Trio.

Além de seu descobridor, Noel Rosa também lhe disse ser dona de bonita voz, e ofereceu a ela (ainda desconhecida) o samba inédito Quem Ri Melhor.

Não acreditando no que ouvia, ela quase perdeu a voz de tanta emoção. Contudo, já adulta e quase completamente famosa, relutou para gravar duas músicas de uma nova dupla: Tom Jobim e Vinícius de Moraes.

Somente depois dos argumentos de Cesar Thedim (seu então namorado), amigo do peito dos compositores, Elizeth gravou o LP Canção do amor demais, com a faixa Chega de saudade, onde se pode ouvir pela 1ª vez em disco o violão Bossa Nova, de João Gilberto, gravado em janeiro de 1958.

A maior parte dos sucessos de Elizeth Cardoso muitos já conhecem, apenas lembro um em particular, o choro Jamais, que Jacob do Bandolim (Jacob Pick Bittencourt) fez para a cantora, que ele idolatrava.

Durante a longa carreira artística, ela foi intérprete de quase todos os gêneros, porém, sua praia era o samba, que cantava com extraordinária personalidade, o que lhe rendeu vários apelidos, porém, nenhum deles se iguala ao criado por Haroldo Costa:

A Divina Elizeth. 

FONTE: Jornal de Uberaba, do qual o nosso Confrade foi articulista, e fazia sempre questão de assinar assim: Titular da Sociedade Brasileira dos Dentistas Escritores e membro do Fórum dos Articulistas de Uberaba.

 

THALES RIBEIRO DE MAGALHÃES - Rio de Janeiro/RJ

Diretor do Museu Salles Cunha, da ABO/RJ

 

TESE DE DOUTORAMENTO

Obs.: Ortografia da época (1921)

Milanez dos Santos, Custódio

Da osteo-myelite necrósica dos maxilares e seu tratamento pelo  acido sulfúrico.

These de Doutoramento: Aprovada com Distinção e Laureada pela Faculdade - Prêmio Manoel Feliciano, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

Apresentada em 03 de setembro de 1921 e defendida em 17 de dezembro do mesmo ano.

67 páginas, 4 páginas com ilustrações fotográficas.

O autor era Capitão de Exército e Professor Cathedrático de Escola Livre de Odontologia do Rio de Janeiro.

A Tese é dividida em Prefácio, Capítulo I - Etiopatogenia;

Capítulo II - Anatomia e Physiologia - Pathologica;

Capítulo III - Symptomatologia, Marcha, Duração e Terminação; Capítulo IV - Diagnostico;

Capítulo V- Tratamento; Observações e Fotogravuras.

O tratamento proposto consistia na aplicação da fórmula: Decocto de quina—500,0  - Ácido sulfúrico diluído-4,0 - Essência de h. pimenta-  05 gotas, em irrigação alveolar e pelos trajetos fistulosos. Para neutralizar a ação descalcificante sobre os dentes, usava-se também uma lavagem bucal com solução alcalina.

Dessa maneira o tratamento das necroses consiste em favorecer pela drenagem e irrigações antissépticas o escoamento do pus, atendendo-se a mobilização de sequestro.

Quando estiver completamente móvel, praticar-se-á a extração.

No dizer do autor, o ácido sulfúrico diluído é um cáustico inteligente como o azotato de prata; é por assim dizer, uma cureta química.

Comentários - A Tese finaliza com observações sobre três casos, exibindo uma série de fotogravuras estereoscópicas que, para a época deve ter sido um adiantamento digno de nota. Em uma das contracapas está a relação de professores da Faculdade de Medicina.

Natural da Paraíba, o Dr. Custódio nasceu em 09 de novembro de 1879, e formou-se pela Faculdade, em 1899.  Foi um dos fundadores da Escola Livre de Odontologia do Rio de Janeiro, no princípio do século. Ali ocupou a Cátedra de Patologia Dentária.