quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

JORNAL MENSAL DA SBDE - FEVEREIRO DE 2019


                  TALENTO  LITERÁRIO DE                     TITULARES  E  HONORÁRIOS:
  ANTÔNIO INÁCIO RIBEIRO -  Guarapari/ES
{Honorário - Diretor de Divulgação}
{Viveu em: Porto Alegre, São Paulo e Curitiba;  agora vive em Guarapari/ES. Ministrou cursos sobre Marketing em quase todos os Estados brasileiros, menos Acre, Roraima e Amapá, e em quase todos os países da América Latina, menos nas 03 Guianas. Escreveu 46 livros}

           ENFERMEIRA NO AEROPORTO
 A beleza da mulher Argentina sempre foi admirada pelos brasileiros que iam a Rosário em busca dos conhecimentos - sensação da implantodontia ósseo integrada.
Rosário / Argentina
  Talvez pelas ruas planas e cidade geométrica, o hábito de caminhar muito colabora para esculpir ou dar feições às linhas de beleza das rosarinas, tidas como das mulheres mais belas da América do Sul (dirão do mundo, alguns brasileiros mais empolgados).
 
  Traiçoeira beleza, pois vem acompanhada de uma inacessibilidade, também difícil de ser encontrada, principalmente em países tropicais e de pouca roupa como os nossos, onde a comunicação e o início do relacionamento flui fácil.

 Em mais de 20 vezes que lá estivemos (21 turmas foram em Buenos Aires), não me recordo de algum brasileiro que tenha conseguido algo mais com as rosarinas. E não foi por falta de tentativas... 

 Aquele, que imagino ter sido o único, pagou um pouco caro por seu feito. 


 Para recordar, vamos tentar lembrar um pouco de sua história. 
 Em alguns detalhes, partes que desconhecemos a íntegra, criamos com imaginação, a começar por seu nome: Roberto. Criado comum, para dificultar sua identificação. Por motivos óbvios.

 A última noite de Rosário sempre foi marcada pelo jantar de encerramento a que todos, mestres e assistentes, compareciam, inclusive com respectivas esposas e maridos. 

 Raras vezes tivemos defecções, até porque o valor do mesmo já estava incluído no pacote adquirido no Brasil. 
 Roberto não compareceu. Os que não sabiam do que se passava talvez nem notaram sua falta. 

 Talvez alguns soubessem o motivo: uma enfermeira decidiu dar-lhe atendimento especial. 24 horas.

 Assim foi que, no momento de embarcarmos no ônibus que nos levaria ao aeroporto, no domingo pela manhã, todas as malas estavam no saguão do hotel. Inclusive a de Roberto, trazida por seu colega de apartamento. 

 Os carregadores colocaram todas no ônibus e, ao chegarmos para embarque, orientei no sentido de que cada um retirasse a sua do bagageiro, para que não acontecesse esquecimento ou furto. 

 Assim foi feito, menos com a do Roberto, que por não ter sido retirada, ficou escondida em um canto do porão do ônibus. E o ônibus se foi!

 Quando todos estavam na fila do voo, chega Roberto com um sorriso satisfeito, talvez por ter chegado ao aeroporto em um flamante (acho que esta palavra já não se usa mais) fusquinha, este com certeza já não se usava mais (até que Itamar tentasse ressuscitá-lo, em mais uma de suas trapalhadas). 

 Talvez o saudoso fusca fosse brasileiro e, em vista disto, nossa heroína se tenha encantado pelo nosso herói, autêntico tupiniquim. 

 O colega de apartamento ofereceu-se para pegar-lhe o cartão de embarque e, já quase na hora de saída do avião, a pergunta cruel:
 - Onde está a passagem? 
 - Está na minha mala, respondeu Roberto. - E onde está a mala - perguntou o amigo. Não estava... 

 Procuramos no aeroporto todo. Depois de muito insistir, Roberto foi à pista onde estava o avião, imaginando que, por engano, tivesse sido despachada, mas sem cartão de embarque não pode embarcar. Ficou. 

 Ficou também uma hipótese. A mala ficara no ônibus, já que nenhum dos 30 e poucos participantes do grupo a retiraram.

 E o nosso fusquinha (brasileiro, talvez), levou Roberto de volta ao hotel. Lá não estava a mala... 

 A gerente deu-lhe o nome da empresa que tinha feito o receptivo ao nosso grupo. Depois de alguns telefonemas Roberto conseguiu falar com o dono, já que era domingo e a empresa estava fechada. 

 O proprietário, para desânimo de Roberto, informou que o ônibus era terceirizado. Mas informou-lhe nome e telefone do dono da empresa proprietária do ônibus. Este tinha ido almoçar na casa da sogra. 

 Com o telefone da sogra, conseguiu saber que o ônibus tinha ficado com o motorista. Lógico que pediu o nº do telefone do motorista. Que tinha ido almoçar na casa da filha. Que não tinha telefone.      E celular àquela época, nem pensar!

 Conseguiu o endereço, e lá se foi o nosso fusquinha. Bairro afastado, endereço incompleto. Pergunta daqui, pergunta dali e, ao escurecer, ficou, enfim, diante do motorista, que não sabia da mala, mas prontificou-se a ir com eles à garagem onde estava o ônibus. 

 Lá chegando, era quase no centro, outra dificuldade: estava fechada e não havia ninguém. 
 Mas o motorista sabia onde morava o dono do estacionamento. Era perto, mas ele não estava. Por sorte, sabiam onde tinha ido e foram. Concordou em ir até o estacionamento dado a gravidade do sucedido. 

 Abriram o estacionamento, o ônibus, o bagageiro e... quieta, escondida, estava a mala. Gracias a todos, e lá se vai nosso fusquinha para o aeroporto. 

 Que azar! Como todos poderiam imaginar, já não havia mais voo para Buenos Aires, onde o grupo, alegre, de ônibus se dirigia para o Tango Mio, o show dos shows.
 Alegres na ida, porque o jantar e o show estavam incluídos no pacote. E alegres na volta, pelo show que é um show e pelo vinho que além de bom, estava incluído no jantar. Só não estava incluído o Roberto, no grupo. 

 Mas nosso digno representante brasileiro tinha uma noite de crédito no hotel, afinal não a havia usufruído na noite anterior. 

 E onde tinha ficado, não poderia ficar. Mas isto é outra história. Ficou no hotel. Sem a enfermeira, sem o fusquinha e sem o Tango Mio.

 Dia seguinte, bem cedo, um táxi, o aeroporto, o avião e Buenos Aires. 

 Ao chegar ao hotel não estavam os brasileños... Tinham ido a um citty tour, que estava incluído no programa. 

 O jeito era aguardar. Quando chegou, nosso grupo o ovacionou, como herói. 

 Tinha sido o 1º brasileiro a passar uma noite fora do hotel. Um feito!

 Só não sabemos, como suspeitaram alguns, se a enfermeira, a exemplo do fusquinha, também era brasileira. 

 Se fosse, manteria a fama das rosarinas... e dos brasileiros que foram a Rosário. 

 Se não fosse, não importa. Seria a exceção que confirma a regra...
{Do seu livro ODONTOHUMOR } 
- Imagens: Internet -

***

DIRCE  BERGAMASCO  -  São José dos Campos/SP    
{Presidente da A.T.O.  -  2000 a 2004}        
{Continuamos a série de Artigos da nossa ilustre Titular, abordando a vida e a obra do nosso Patrono, base do belo opúsculo que lançou quando foi atuante Presidente.}          
TRIBUTO  A  TIRADENTES:  
JOAQUIM  JOSÉ  DA  SILVA  XAVIER


 Tiradentes foi o chefe da escolta do Marquês de Barbacena, quando o mesmo se dirigia para do Rio de Janeiro a Vila Rica.



 Foi nomeado comandante do Caminho Novo, por carta Régia de Sua Majestade, a Rainha Dona Maria I, devido a sua valentia no combate aos assaltantes que atacavam os moradores da região e assaltavam nos caminhos onde a riquezas eram transportadas da Capitania de Minas Gerais para o porto do Rio de Janeiro.


 É notório o fato de ter dado ordem de prisão a dois irmãos da família Vidal Barbosa, ricos proprietários de terras, porque se negaram a entregar à justiça dois fugitivos.

 Atividades Militares de Tiradentes: Foram citadas no artigo Tiradentes o Herói da Pátria, de Márcio Alves de Andrade.  

 A partir de 1777 até 1780, serviu no Rio de Janeiro, nas forças de defesa contra ameaças externas, como Comandante do Destacamento Sete Lagoas/MG (1780); foi comandante da tropa militar de guarda do Caminho Novo (Destacamento do Porto Meneses), passando a ser chamado de Caminho de Meneses - construção de uma variante, cortando a mata até Registro do Paraibuna, visando encurtar o caminho de Vila Rica ao Rio de Janeiro, que até então passava por São João Del Rei (1781 a 1785).

 Em 02/03/1787, Tiradentes pediu licença de seu Regimento e viajou para o Rio de Janeiro; só retornou à Vila Rica em agosto de 1788.

 Há documentos evidenciando a presença do Alferes Joaquim José da Silva Xavier em Lisboa, em 1787.

 No Livro de Porta, localizado no Arquivo Histórico Ultramarino, códice 316, fls. 166/verso, do Palácio Real, Lisboa/Portugal, em 04.09.1787, consta o nome de Joaquim José da Silva Xavier; o objetivo de sua presença era obter licença por um ano.

 Diz-se ser ele o emissário número 02 da Missão Vendek; o número 01 foi o estudante carioca, José Joaquim da Maia, que estudava Medicina em Montpellier/França.

 Ele foi à Nîmes se encontrar em missão secreta, com o Embaixador da América Inglesa, Thomas Jefferson, a fim de solicitar apoio para o Levante, que estava a se organizar na colônia portuguesa das Américas.

 Com a intenção de mobilizar seus colegas de farda para a causa do Levante, começava sempre falando das riquezas de Minas Gerais e da miséria em que o povo se encontrava; dependendo do que lhe respondiam, logo fazia a abordagem dos inconfidentes.

 “No sítio da Varginha, descia para o Rio de Janeiro, à procura de expansão das ideias, sendo que na viagem fatal, voltou, como disse Carlito Maia, arrebentado, depois de preso).

 Numa discussão com o Padre Manuel Rodrigues da Costa, Tiradentes revelou na sua profundidade sócio- política, o que era a Conjuração Mineira, dizendo:   
 - Padre, isto não é crime, nem Levante - retruca, impaciente e apaixonado. Isto não é levantar, é restaurar nossa terra

 Mais tarde diria: - É pena! Porque se todos quisessem poderíamos fazer do Brasil uma grande nação...
SANDERSON, Júlio. Tiradentes 1746-1742. Minas Gerais. Editora própria, s/d p. 13.
***

FARID ZACHARIAS  -  Rio de Janeiro/RJ  
{Titular da Academia Brasileira de Belas Artes   Cadeira nº 03}  

Posse na Academia Brasileira de Belas Artes

  

  No dia O5.12.2018, houve uma festa bonita e muito emocionante! 

 Havia muita gente no Auditório do Salão de Convenções do Hilton Hotel, que fica em frente à praia de Copacabana, onde, há alguns anos, assistíamos a uma queda d’água em cascata, do alto desse prédio, que naquele tempo, se chamava Hotel Méridien, e esse espetáculo fazia parte dos festejos de fim de ano.


  A finalidade do evento foi a de promover a sessão solene de posse dos novos componentes da Academia citada. 


 Dentre eles, como Honoris Causa, estava o nosso Presidente da SBDE, Rubens Barros de Azevedo


 Procurei chegar cedo para conversarmos um pouco e, às 17h15min, eu entrava no Salão, para estar com meus amigos, e dar o apoio da minha presença. 

 Fui bem recebido e, para minha alegria, lá já se achavam meus amigos, Dr. Rubens, sua esposa Malu e o também Titular da SBDE, José Dilson Vasconcelos de Menezes,  que representou a Academia Cearense de Odontologia.  
 Estavam sentados em confortáveis sofás, frente à Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Os três, quando me viram, iam se levantar mas, não foi preciso, porque me apressei em chegar até eles e abraçá-los.

 Estávamos contentes de nos  revermos, porque só nos vemos no Congresso Sul Mineiro de Odontologia (COSMO), que ocorre, de 02 em 02 anos, em Caxambu.  

 Vários colegas meus da Academia Brasileira de Belas Artes, quando me viam, iam me cumprimentar e eu os apresentava ao nosso grupo.

 O último que eu apresentei, foi o Professor de Pintura, Roberto de Souza, que era sobrinho do grande Pintor Aurélio d”Alincourt, meu amigo muito estimado.

 Fomos avisados de que iam abrir o Salão, então partimos para pegarmos bons lugares.

 Vários colegas iam chegando, entre eles, a Dra. Vera Gonzalez e o Cel. Renato Serra, respectivamente, Presidente e Vice-Presidente da nossa Academia. 

  Eu me levantei e fui cumprimentá-los e felicitá-los, como bons amigos que somos. Em pouco tempo foi chegando mais gente e, às 18h30min estava aberta a cerimônia de posse.
 Começaram com a Composição da Mesa; a chamada da Comissão de Recepção aos novos eleitos (da qual eu faço parte há 20 anos); entrada dos mesmos no Salão; Aposição da Comenda e Compromisso da Fé Acadêmica.  
 Dada a palavra à Presidente da Academia, esta saudou os novos eleitos.
 A seguir, falou o Acadêmico Renato Serra e, em nome dos eleitos, falou a Acadêmica Ana Carolina Hallot. 

 Foram empossados 08 Acadêmicos Titulares: Ana Carolina Hallot; Cristina Motta; Duílio Germano; Evanir Terezinha Plaszewski; Geraldo Orlando Pereira de Aguiar; Maria Matilde Alves de Toledo de Azevedo; Neuza de Carvalho Miguel e Regina Célia Muniz Guimarães.   
 Foram 04 os membros Honoris Causa: Rubens Barros de Azevedo; Geraldo Portal Veiga; Maria do Socorro de Araujo Romão e Zélia Maria Fernandes da Silva.

 Um momento de grande emoção, foi quando a Dra. Vera fez a chamada da Comissão de Recepção aos novos eleitos. 


 Éramos 04 e tínhamos de pegar as espadas que estavam sobre a mesa principal e Dra. Vera, também pegando uma espada, dirigiu-nos algumas palavras e nos autorizou a trazermos os novos eleitos. 


 Quando chegamos próximo à Mesa, já de volta, nós ficamos, frente à frente, parados, com as espadas se tocando, para que todos os eleitos passassem por baixo delas. É um momento de grande simbolismo e emoção! 

 O nosso Presidente, Rubens foi muito abraçado e felicitado, tendo ao lado os familiares, sendo que a sua irmã, Marina Azevedo Ayres, foi a Madrinha. 

 O encerramento se deu, cerca das 20h30min, sendo  que grande parte dos presentes ficou para o jantar de adesão, no próprio Hilton Hotel.

 Eu, Dr. José Dilson, Dr. Paulo Murilo e sua Esposa, tínhamos combinado de jantar fora, para podermos conversar um pouco mais.  Foram momentos felizes, com um bom papo, entre bons amigos. 
 Agora, podemos dizer que a Odontologia tem 04 Cirurgiões Dentistas na Academia Brasileira de Belas Artes, que são os Doutores: Rubens Barros de Azevedo, Paulo Murilo Oliveira da Fontoura, Placidino Guerrieri Brigagão (empossado em 2017) e eu, Farid Zacharias, Titular da Cadeira n° 03.

***


JOSÉ  ANSELMO  CÍCERO  DE  SÁ  - Rio de Janeiro/RJ
{Academia de Artes, Ciências e Letras do 
Estado do Rio de Janeiro}
      Cadeira nº 29 - Patrono: Quintino Bocaiúva} 

         A ALMA E OS DIFERENTES ESTADOS 
                    DO SONO E DO SONHO. 
“O estudo do sono fornece–nos, sobre a natureza da personalidade, indicações de grande importância. 




  Em geral não se aprofunda muito o mistério do sono, o exame atento deste fenômeno, o estado da alma, da sua forma fluídica durante parte da existência que consagramos ao descanso, nos conduzirá a uma compreensão mais alta das condições do ser na vida do além”. 

  
  O sono possui não só propriedades restauradoras, mas um poder de coordenação e centralização sobre o organismo material. 
 Pode, além, disso, provocar uma ampliação considerável das percepções psíquicas, maior intensidade do raciocínio e da memória. 
 
  MAS O QUE É O SONO? – É simplesmente a alma que se desprende, que sai do corpo. 
 
  Diz–se: o sono é irmão da morte. Estas palavras exprimem uma verdade profunda. 

  Sequestrada na carne, no estado de vigília, a alma recupera, durante o sono, a sua relativa temporária liberdade, ao mesmo tempo em que o uso dos seus poderes ocultos. A morte será a sua libertação completa, definitiva. 

 Durante o sono, a alma pode, segundo as necessidades do momento, aplicar–se a recuperar as perdas vitais causadas pelo trabalho quotidiano e a regenerar o organismo adormecido, infundindo–lhe as forças tiradas do mundo cósmico, ou, quando está acabado esse movimento reparador, continua o curso da sua vida superior, pairar sobre a natureza, exercer suas faculdades de visão a distância e penetração das coisas. 

 Nesse estado de atividade independente vive já antecipadamente a vida livre do espírito: porque essa vida, que é a continuação natural da existência planetária, espera–a depois da morte, devendo a alma prepará-la não somente com as obras terrestres, também com suas ocupações quando desprendida durante o sono. 

  É graças ao reflexo da luz do alto, que cintila em nossos sonhos e ilumina completamente o lado oculto do destino, que podemos entrever as condições do ser no além. 

  Se nos fosse possível abranger com o olhar toda a extensão de nossa existência, reconheceríamos que o estado de vigília está longe de constituir–lhe a fase essencial, o elemento mais importante. 

  Vemos aqui a importância do sono para a evolução, as almas que de nós cuidam do nosso sono para exercitar–nos na vida fluídica e no desenvolvimento dos nossos sentidos da intuição. 

 Efetua–se, então, um trabalho completo de iniciação para os homens ávidos de se elevarem. 

 Os vestígios desse trabalho encontram–se nos sonhos. Assim, quando voamos, quando deslizamos com rapidez pela superfície do solo, significa isso à sensação do corpo fluídico, ensaiando–se para a vida superior. 

 Insistimos também na propriedade misteriosa que tem o sono de fazer-nos senhores, em certos casos, de camadas mais extensas da memória 

 A memória normal é precária e restrita, não vai além do círculo estreito da vida presente, do conjunto dos fatos, cujo conhecimento é indispensável por causa do papel que se tem de desempenhar na terra e do fim que se deve alcançar. 

 A memória profunda abrange toda a história do ser desde a sua origem, os seus estágios sucessivos, os seus modos de existência, planetárias ou celestes. 

 Um passado inteiro esquecido, feito de recordações e sensações, ignorado no estado de vigília, está guardado em nós. 

 Esse passado só desperta quando o espírito exterioriza durante o sono natural ou provocado. 

 Uma regra conhecida de todos os experimentadores é que, nos diferentes estados do sono, à medida que se vai ficando à maior distância do estado de vigília e da memória normal, há expansão, dilatação da “memória”. 

 O sono, de ordinário, pode ser considerado como ocupando uma posição que está entre a vida acordada e o sono hipnótico profundo. 

 Este conceito deve fazer com que meditemos longamente e se possível pesquisemos. 

 E parece provável que a memória pertencente ao sono ordinário liga–se por um lado à que pertence à vida de vigília e, pelo outro, à que existe no sono hipnótico. 

 Realmente assim é, estando os fragmentos da memória do sono ordinário intercalados nas duas cadeias. 

 À proporção que nós vamos elevando na ordem dos fenômenos psíquicos, vão se apresentando com maior clareza, com maior rigor e trazem–nos prova mais decisivas da independência e da sobrevivência do espírito. 

 As percepções da alma no sono são de duas espécies. Verificamos, primeiramente, a visão à distância a clarividência, a lucidez, vem depois um conjunto de fenômenos designados pelos nomes de telepatia e telestesia (sensações a distância). 

 Para complementação da compreensão deste parágrafo sugerimos a leitura da obra de Leon Denis. O Problema do Ser, do Destino e da Dor, de Leon Denis. 

 Já nos sonhos, vemos os sentidos da alma esses sentidos psíquicos, de que os do corpo são a manifestação externa e amortecida, entrarem ação. 

 A visão ocular não é mais do que a manifestação externa da faculdade visual que tem a sua expressão mais ampla na visão interna. 

 A visão interior exterioriza-se e traduz-se pela ação dos sentidos, tanto na vida física como na vida psíquica. 

 No primeiro caso, o órgão terminal pertence ao corpo material; no outro caso, são os órgãos do corpo fluídico. 

 A visão do sonho é acompanhada de uma luz especial constante, diferente da luz do dia. 

 Às vezes, a alma afasta-se durante o descanso do corpo e são as impressões das suas viagens, os resultados das suas indagações, das suas observações, que se traduzem pelo sonho. 

 Neste estado, um laço fluídico ainda a liga ao organismo material, e por este vínculo sutil, espécie de fio condutor, as impressões e as vontades da alma podem transmitir-se ao cérebro. 

 A alma emancipada continuará a influenciar o corpo mediante o laço fluídico que liga continuamente um à outra. 

 Desde esse momento, no seu poder psíquico reconstituído, a alma exercerá sobre o seu organismo carnal uma direção mais eficaz e segura. 

 A marcha dos sonâmbulos, à noite, em lugares perigosos, com inteira segurança, é uma demonstração evidente deste fato. 

 Sucede o mesmo com a ação terapêutica provocada pela sugestão. Esta é eficaz, principalmente no sentido de facilitar o desprendimento da alma e dar-lhe o poder absoluto de fiscalização, a liberdade necessária para dirigir a força vital acumulada no periespírito e, por este meio, restaurar as perdas sofridas pelo corpo físico. 

 Comprovamos este fato nos casos de personalidade dupla. A segunda personalidade, mais completa, mais integral que a personalidade normal, a substitui para um fim curativo, por meio de uma sugestão exterior, aceita e transformada em auto-sugestão pelo espírito do “sujet”. 

 Com efeito, este nunca abandona os seus direitos e poderes de fiscalização. 

 Assim, como disse Myers, “não é a ordem do hipnotizador, mas antes a faculdade do paciente que forma o nó da questão. 

 O sábio professor de Cambridge disse mais: “O espírito exteriorizado pode tirar do organismo mais força vital do que o homem normal, o homem encarnado, pode obter. 

 “Foi demonstrado por experiência que um espírito pode, através do organismo, exercer maior pressão num dinamômetro do que o espírito encarnado”. 

 Releva, contudo, assinalar que, em se iniciando a criatura na produção do pensamento continuo, o sono adquiriu para ela uma importância que a consciência em processo evolutivo, até então não conhecera. 

 Usado instintivamente pelo elemento espiritual, como recurso reparador, no refazimento das células em serviço, semelhante estado fisiológico carreou novas possibilidades de realização para quantos se consagrassem ao trabalho mais amplo de desejar e mentalizar. 

 Ansiando por livrar–se da fadiga física depois de determinada quota de tempo no esforço da vigília diária e, por isso mesmo, entregue ao relaxamento muscular, o homem operante e indagador adormecia com a ideia fixada a serviço de sua predileção. 

 Amadurecido para pensar e lançando de si a substância de seus propósitos mais íntimos, ensaiou pouco a pouco, tal como aprendera, vagarosamente, o desprendimento definitivo nas operações da morte, o desprendimento parcial do corpo sutil, durante o sono, desenfaixando–o do veículo de matéria mais densa, embora sustentando, ligado a ele, por laços fluídico–magnéticos a se dilatarem levemente dos plexos e, com mais segurança, da fossa rombóide. 

 Encetado o processo de sonolência, com as reações motoras empobrecidas, e impondo mecanicamente a si mesma o descanso temporário, no auxílio às células fatigadas de tensão, isto desde as eras remotas em que o pensamento se lhe articulou com fluência e continuidade, permanece a mente, através do corpo espiritual, na maioria das vezes, justaposta ao veículo físico, à guisa de um cavaleiro que repousa ao pé do animal de que necessita para a travessia de grande região, em complicada viagem, dando–lhe ensejo à recuperação e pastagem, enquanto ele se recolhe ao próprio íntimo, ensimesmando–se para refletir ou imaginar, de conformidade com os seus problemas e inquietações, necessidades e desejos. 

 “Dessa forma, aliviando o controle sobre as células que a servem no corpo carnal, a mente se volta, no sono, para o refúgio de si mesma, plasmando na onda constante de suas próprias ideias as imagens com que se compraz nos sonhos agradáveis em que saca da memória a essência de seus próprios desejos, retemperando–se na antecipada contemplação dos painéis ou situações que almeja concretizar”. 

 Para isso, mobiliza os recursos do núcleo da visão superior, no diencéfalo, de vez que, ai, as qualidades essencialmente ópticas do centro coronário lhe acalentam no silêncio do desnervamento transitório todos os pensamentos que emergem do seio. 

 Noutras ocasiões, no mesmo estado de insulamento, recolhem, no curso do sono, os resultados de seus próprios excessos, padecendo a inquietação das vísceras ou dos nervos injuriados pela sua rendição à licenciosidade, quando não seja o asfixiante pesar do remorso por faltas cometidas, cujos reflexos absorvem do arquivo em que se lhe amontoam as próprias lembranças. 

 Numa e noutra ocasião, todavia, é a mente suscetível à influenciação dos desencarnados que, evoluídos ou não, lhe visitam o ser, atraído pelos quadros que se lhe filtram da aura, ofertando–lhe auxílio suficiente quando se mostre inclinada à ascensão de ordem moral, ou sugando–lhe as energias e assoprando–lhe sugestões infelizes quando, pela própria ociosidade ou intenção maligna, adere ao consórcio psíquico de espécie aviltante, que lhe favorece a estagnação na preguiça ou a envolve nas obsessões viciosas pelas quais se entrega a temíveis contratos com as forças sombrias. 

 Mas dessa função de espectador à função de agente existe apenas um passo. 

 O pensamento contínuo, em fluxo insopitável, desloca–lhe a organização celular perispiritual, à maneira do córrego que em sua passagem desarticula da gleba em que desliza todo um rosário de seixos. 

 E assim como os seixos soltos seguem a direção da corrente, lapidando–se no curso dos dias, o corpo espiritual acompanha, de início, o impulso da corrente mental que por ele extravasa-se a consciência muito vagarosamente no sono, que lhe propicia meia–libertação. 

 Interrompemos aqui este modesto estudo sobre o fenômeno do sono; nosso objetivo foi tentar elucidar, de uma forma simples e castiça a questões comumente formuladas por pessoas também simples e interessadas em aprender. 

 Muito teríamos que discorrer a respeito de: sono magnético, sonoterapia, sono e mediunidade, princípio da exteriorização da alma, sonambulismo, dupla vista, êxtase. 

 Deixemos agora o espaço a outros cooperadores, sugerindo aos leitores que pesquisem em torno destes assuntos. 

 Podemos concluir, na certeza de que tudo está bem organizado por DEUS. 

 Há harmonia e equilíbrio em tudo, a nossa natureza, obviamente, está muito bem estruturada. 

 O descanso é uma recompensa da natureza. O sono é o salário do trabalhador. 

 Vivamos cristãmente e estaremos sempre com a consciência tranquila. 

 Bons “sonos” e “sonhos” para todos!

***



              JOSÉ  ROBERTO  DE  MELO  - Recife/PE   
{Presidente  de  Honra  da  SBDE - EM MEMÓRIA}

SÉRIE:  COMO  ENTREI  NA  HISTÓRIA  
DE  CORTÊS/PE

CAPÍTULO 85 – A constelação Cruzeiro do Sul, a menor conhecida, entrou na bandeira de Cortês quando ela foi criada. 

  Esta constelação pode ser vista no céu da cidade em noite estrelada. É percebida apenas no hemisfério sul do planeta. 

 Foi descrita pela 1ª vez por João de Faras, da esquadra de Cabral. Possui cinco estrelas que formam uma cruz. 

 São elas: 
 Estrela de Magalhães que é mais brilhante - fica na parte inferior do braço mais extenso da cruz; 

 Mimosa, a 2ª mais brilhante, representa um dos lados do braço menor da cruz; 

 Pálida, a menos brilhante, compõe um dos braços da figura; 

 Rubidea, que tem uma coloração avermelhada, representa a parte superior do braço maior da cruz; 

 Intrometida, a estrela que não entra na formação da cruz, importante para se reconhecer a constelação. 

 Capítulo 86 - No fim da minha administração como primeiro prefeito de Cortês, eu tinha completado o elenco do funcionalismo municipal sem comprometer mais do que 27% do Orçamento. 

 E pagando mais do que Amaraji para os mesmos cargos. Tinha me empenhado em contratar pessoas que fossem realmente servidores e não gente premiada com sinecuras. 

 Quando da sucessão, José Borba seria o prefeito como candidato único. Ele tinha conquistado o cargo pelo seu empenho na história da emancipação. 

 Tínhamos agora de instalar a Câmara Municipal. 
José Borba me convenceu de que eu deveria fazer parte dela para ajudá-lo a continuar na construção do Município que eu tinha iniciado. 

 A eleição nos preocupava, a disputa poderia fazer ascender as ambições. Não tínhamos criado, pelo menos penávamos, um território pra satisfazer a vaidade de ninguém. 

 Queríamos Cortês progressista, feliz para todos. Estudando a situação descobrimos que localmente só havia sido instalado um partido, então inscreveríamos apenas um número de candidatos igual ao de vereadores. 

 Assim todos estariam eleitos, sem precisar de disputa.   CONTINUA...

***
NELSON  RUBENS  MENDES  LORETTO  -  Gravatá/PE 
{Professor Adjunto da FOP-UPE 

1º Secretário da SBDE}


                                    TEMPO



 Tempo, substantivo com dois significados distintos.

 Podemos considerá-lo com o espaço decorrido entre dois momentos, também denominado hiato temporal.

 É possível entendê-lo ainda em relação à condição ambiental, meteorológica.

 Seja como for, a partir de Jesus, o Cristo, podemos e devemos considerá-lo como um espaço preferencial para a prática do amor e da caridade.

 Daí se dizer que tempo é questão de preferência, esta mediada pelo livre arbítrio como inclinação natural ao bem ou ao mal.

 Costumamos ouvir as pessoas dizerem (e nós também dissemos) “não tive tempo”, “não tenho tempo” e “não terei tempo”.

 Mas uma pergunta não quer calar: onde estava seu (e o meu) coração naquele exato momento em que a oportunidade em exercitar o amor e a caridade, e fazer o bem se apresentou?

 Que sedução justificou a sua (e a minha) negativa ante aquela oportunidade? Não tive tempo? Consulte seu coração!

 A humanidade, escrava do relógio e do calendário, pensa que eles medem o tempo. Ledo engano!

 O tempo se mede pelas boas obras que praticamos. As más obras...tempo perdido!

 Quando alguém precisa retornar mais cedo ao Plano Espiritual, normalmente se ouve dizer mas ele (ou ela) viveu tão pouco tempo, por não saberem que aquele tempo de existência foi exatamente o necessário às obras combinadas no pretérito. 

 É também comum os pais dizerem aos filhos, quando desejam interceptar uma ação que julgam “fora de tempo”, do alto de sua pretensa sabedoria: 
 – Vocês ainda têm muito tempo pela frente. 
Ah! se assim fosse...

 Há tempo de sorrir e de chorar; de sofrer e de se alegrar; de plantar e de colher...

 Se o passado não pode ser mudado e o futuro é desígnio de Deus, o hoje, denominado presente, é a oportunidade única que se renova diariamente como esperança de produzir e distribuir bens espirituais e materiais àqueles que ainda mourejam nas diferentes necessidades terrenas. 

 Pense nisso e troque o calendário ocidental romano pelo patrimônio das obras medidas pelo bem que podem proporcionar às pessoas.

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PAULO JOSÉ MORAIS DA SILVA – Maceió/AL
 {Professor aposentado da Universidade Federal de Alagoas
Titular da Academia Alagoana de Odontologia} 

                              

UM PASSEIO AO PIER 39: 
 SAN FRANCISCO/CALIFÓRNIA/E.U.A.


  Sempre no período da tarde, após percorrer o centro de San Francisco, como lojas e Shoppings, eu, Ana Karla e Gabriel, num bate-perna sem limites, programamos para que à tarde conhecêssemos o Pier 39. 

  San Francisco é uma cidade de muitos pontos turísticos incríveis, dentre os quais o Pier 39 se destaca. Por lá, você tem a chance de encontrar de tudo um pouco em um só lugar, então para aqueles que quiserem curtir as compras em grande estilo, a região conta com uma série de lojas e, para os que preferirem experimentar o melhor da culinária local, a área também abriga muitos restaurantes bacanas, e para os que optarem por diversão, por lá há também muitos atrativos magníficos. 

 O Pier 39 é um centro comercial e de entretenimento. O lugar é um dos pontos mais visitados, é parada quase que obrigatória. 
 
 Construído em 1989, este local é hoje um dos pontos de visitação mais agitados de San Francisco, recebendo milhões de pessoas do mundo todo, que buscam passar um dia tranquilo para fazer compras e se divertir. 
 
   Ao longo dos anos, o Pier 39 tornou-se um ponto de encontro entre os moradores de San Francisco, e entrou de vez no gosto dos turistas.
 
  Está localizado na região de Fisherman's Wharf, uma das mais famosas de San Francisco, bem próximo a North Beach, Chinatown e Embarcadero, áreas estas bem interessantes de se conhecer. 
 
   O Pier 39, além de ser o local mais visitado de San Francisco por causa de suas atrações, é um dos lugares mais bacanas para se fotografar, pois de lá os visitantes têm uma vista incrível de outros pontos turísticos famosos da cidade: a mais conhecida prisão da história americana, Alcatraz, bem como a famosa Ponte Golden Gate, onde nós ficamos empolgados com sua história e grande obra de arte da engenharia americana. 

 No Pier 39 você encontra diversas lojas, restaurantes famosos e atrações imperdíveis, como um dos maiores aquários dos Estados Unidos, o Aquarium of the Bay San Francisco, no qual você conhece a vida marinha da região, podendo até tocar em alguns animais; o Sea Lion Center, que mostra como é a vida e a preservação dos leões marinhos, e um carrossel de dois andares que as crianças amam. 

  Não deixe de ir ao carrossel que é uma das atrações dentro do Pier e que faz mais sucesso entre os turistas. Serve de ponto de encontro entre os turistas porque é muito grande, e tem muita gente transitando no local, na verdade, um espetáculo à vista. 
 
  Nos dias em que fomos visitar estava um frio muito intenso, em torno de 7°. Muitas vezes, as fotos não ficavam boas devido ao nevoeiro que pairava no ar de San Francisco, ocasionada pelo incêndio nas florestas.
 
  Entre os restaurantes mais conhecidos e disputados pelos visitantes do famoso Pier 39 está o Bubba Gump, que gostamos muito, com seu camarão crocante e batatinha frita; foi tão bom que visitamos 3 vezes. 
 
  Este restaurante foi construído para as gravações do filme Forrest Gump, e ficou como presente para o lugar. 
 
  Aproveitamos para fazer um belo passeio pelos barcos que estão atracados no Pier, como o Gold Fleet; apesar de a tarde não estar muito propícia para esse tipo de passeio, resolvemos fazer, pois não podemos perder as oportunidades - elas são únicas. 
 
  Assistir as apresentações ao ar livre que ocorrem na parte externa do Pier 39, também pode ser uma boa opção. 
 
  Depois de tudo isso, visitamos as lojas do local, por sinal, muito interessantes, sem falar no Cais dos lobos marinhos, com centenas deles deitados numa prancha apropriada para suportar sua centena de quilos, uma atração à parte! 
 
  Uma viagem inesquecível, e que ficará guardada no nosso subconsciente e nas fotografias!

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THALES RIBEIRO DE MAGALHÃES - Rio de Janeiro/RJ
      {Diretor  do  Museu  Odontológico  Salles  Cunha  ABO/RJ} 



EU ESTAVA LÁ... LUIZ AMERICANO
 Luiz Americano Rego, compositor, clarinetista e saxofonista popular brasileiro, nasceu em Aracaju/SE, em 1900, e faleceu no Rio de Janeiro em 1960.

  Aos 13 anos, tocava clarinete. Aos 18, foi para a Banda do Exército. Seu início profissional no Rio começou nas orquestras de Simon Boutman e Romeu Silva.
 Mais tarde, foi tocar na orquestra do norte-americano Gordon Stretton e do argentino Adolfo Carbelli.
  
  Gravou seu 1º disco em 1923, mas sua 1ª gravação comercial é de 1927: “Na maciota”, polca-choro de sua autoria e “Desordeiro”, Maxixe de Freire Jr.

  Como músico, embora tenha sido contemporâneo de Artie Shaw e Benny Goodman, os grandes clarinetistas da época, não se deixou influenciar demais por eles, como aconteceu com Severino Araújo, por exemplo.

  Manteve a sua música suave. Gostava das melodias tocadas no registro grave, pura, sem grandes efeitos.  

  Seu instrumento, talvez um Selmer, tinha excelente sonoridade, respondendo com toda a emoção ao toque daqueles gordos dedos mágicos.  O estilo de sopro era mais suave que o de Abel Ferreira, contemporâneo seu. 

  Suas composições, inclusive as valsas, parece que foram preparadas para receber as sétimas, diminutas e outros artifícios da música moderna atual sem grandes descaracterizações. 

 Sua valsa “Lágrimas de Virgem” deve ter sido composta para saxofone alto, cujo som era semelhante ao de Willie Smith, saxofonista da orquestra de Harry James. O estilo se aproxima bastante das valsas de Mignone.

  No final dos anos 40, atuava em pequena orquestra na Rádio Mayrink Veiga, em programas ao vivo.         
  O maestro era Alceu Bocchino, o pianista Djalma Ferreira, o violão elétrico era de Pereira da Silva. Estava em ótima companhia, pois havia ainda um baterista, um contrabaixo e, às vezes, alguns violinos.

  Certa vez, por volta de 1947, durante a afinação dos instrumentos, antes de começar o programa de variedades “Cartola de Mágico”, do radialista Edgard G. Alves, Luiz iniciou suavemente em registro grave, o tema de “It`s been a long long time”, música de sucesso lançada por Bing Crosby

 Aos poucos, os músicos da orquestra foram se integrando ao tema, transformando o momento em agradável “jam-session”.

 Injustamente anônimo, seu clarinete aparece em muitas gravações da época, nas orquestras que acompanharam diversos cantores.

  Extremamente gordo, era afável e bem educado
 Ao longo de toda a década de 20, aconteceu um êxodo de músicos nordestinos, trazendo mais sotaques e influências para o já fervilhante caldeirão do choro.

  Compôs e gravou algumas músicas de título bem exótico, como o hilário Choro “Luiz Americano de Passagem pela Arábia”. 

 Participou em 1937 da mais revolucionária experiência chorística da época: o Trio Carioca, com Radamés ao piano e o não menos genial Luciano Perrone na bateria. 

   A ideia do grupo partiu de Mister Evans, o diretor da Victor, a partir do sucesso mundial do trio de Benny Goodman no clarinete, Gene Krupa na bateria e Teddy Wilson no piano. 

   Evans perguntou a Radamés se ele achava possível fazer algo similar com a música brasileira. Radamés, que conhecia e admirava o trio norte-americano, tratou de traduzir para o choro o que os craques de lá faziam com o jazz.

  O Trio gravou apenas um disco com os choros “Cabulosos“ e “Recordando“, de Radamés, mas, até hoje, soa como algo revolucionário, uma perfeita combinação de virtuosismo, balanço e modernidade.

  Radamés tinha com Luiz uma relação um tanto contraditória. Por um lado, achava-o excessivamente ligado às coisas “da carne”, e dizia: 

  - O Luiz Americano só falava de mulher e de comida. Por outro, escrevia músicas como “Serenata no Joá“, composta com o nítido sentido de “aproveitar“ o fraseado do soprista.

   Glutão assumido, Americano foi ganhando quilos ao longo da vida e, na década de 50, já era um obeso em grande estilo, o que, certamente, acelerou os problemas de saúde que o levaram à morte, em sua casa no subúrbio de Brás de Pina.
  
  Aconteceu algo bem curioso na trajetória artística de Luiz Americano. Depois de passar os anos 30 na vanguarda do gênero, gravando valsas sofisticadas e choros bem originais, Americano sofreu um retrocesso. 

 Nos anos 50, em suas últimas gravações pela Todamérica, caiu a qualidade de suas composições (muitas delas registradas com o nome da mulher, Érica Rego) e sua execução já não era tão segura. Estão nesse caso o choro-fandango “O Clarinete do Garapa“ e a polca “Um baile na Covanca”, composições em que tentou dar um sabor popular caipira, e acabou fazendo uma música abaixo de suas características.

  Como um dos mais atuantes músicos de estúdios da época, Americano deixou um sem-número de participações brilhantes em gravações, como o solo que faz no início da gravação do Fox “Renúncia”, música que projetou o cantor Nelson Gonçalves, em 1942.