quinta-feira, 30 de abril de 2020

MAIO DE 2020 - ANEXO DO JORNAL MENSAL


ANTÔNIO INÁCIO RIBEIRO
Guarapari/ES
Honorário - Diretor de Divulgação

QUAIS SÃO OS MELHORES PASSEIOS PARA INDICAR
AOS TURISTAS EM GUARAPARI?
É
 verdade que a maioria dos que vêm à Cidade Saúde, é por causa das praias, mas acontece que praias bonitas existem em todos os Estados do Brasil, por isso é preciso que os turistas conheçam mais e melhor as atrações de Guarapari.
Quanto mais conhecerem, mais irão se encantar e melhor falarão da cidade, até por terem mais o que falar.
Aí é que entram os moradores da cidade, que ao identificarem um turista, deverão perguntar se já fizeram estes passeios abaixo.
Hoje o passeio mais procurado é o que melhor mostra nossa cidade vista por outro ângulo, o do mar - são as escunas. São sete e na temporada chegam a dez, com passeios de 02 ou 03 horas aproximadamente, por 35 ou 60 reais.
À tarde e à noite é possível ir perto do porto das escunas, usando o trenzinho, o segundo passeio mais procurado da cidade. Além de conhecer alguns dos nossos pontos turísticos são momentos divertidos com animadores.
Bastante procuradas por pessoas de várias idades, tanto na Praia do Morro como na Areia Preta, na temporada e feriadões, as Bananas Boats são passeio e diversão, pois incluem banho e adrenalina em alta pelas ondas.
Aos que gostarem ou já tiverem feito o passeio das escunas, existe o passeio às 3 ilhas, que sai às 6h30 e volta às 14 horas, levando a conhecer as ilhas que mal se avistam desde a praia, por um valor razoável de 80 reais.
Na mesma faixa de preço e duração, o Atlante leva para mergulho num navio grego intencionalmente afundado na costa de Guarapari, para servir de abrigo a peixes e corais, que produzem um espetáculo único.
Fora d’água, e no período da alta temporada, está disponível um passeio de helicóptero, de um valor um pouco mais elevado, que leva emoção por conhecer as belezas de Guarapari num lindo voo panorâmico.
Aos que não gostarem da ideia de voar ou gastar muito, estão as caminhadas pela Praia do Riacho, Areia Preta à Praia da Fonte e pela Praia do Morro, onde existem quadriciclos e bicicletas de aluguel.
Quando estiver muito calor, uma boa dica é passeio a Buenos Aires que dista aproximados 15km e a quase 1.000 metros de altitude. Além da vista, é possível saborear típica comida italiana.
Todos nós podemos gerar mais turistas e renda. Basta saber indicar!
EDUARDO SOUSA
Rio  Branco/AC - Colaborador
Cirurgião  Dentista  - Natalense - Cinéfilo

FILME:  AS SANDÁLIAS  DO  PESCADOR (1968)
The Shoes of the Fisherman -  Votação do público: 7.2
B

aseado numa obra literária de sucesso, do australiano Morris West, esse filme, liderado pelo grande Anthony Quinn, junto com um elenco de peso, trafega em áreas de fé ortodoxa e idealismo prático, coisas que sempre estarão em campos opostos, mesmo que o objetivo seja nobre.

Cinco anos antes do filme ser realizado, o livro foi lançado com uma história que se tornaria profética, pois relata a odisseia de um religioso católico do bloco europeu oriental, que se tornaria Papa.

Uma mudança radical para os padrões católicos vigentes, pois há cerca de 400 anos, todos os Papas eleitos pela Igreja Católica, até então, sempre eram italianos, onde fica a sede mundial da Igreja, na cidade do Vaticano. 

A ficção se tornaria realidade 15 anos depois, com a elevação do Papa João Paulo II, um polonês, em 1978, ao trono de Pedro.

Na simulação cinematográfica, vemos na tela um padre russo, dissidente e prisioneiro político do regime soviético, ser libertado após 20 anos de reclusão. 

O próprio primeiro ministro lhe dá a notícia, e o manda para o Vaticano, na esperança de que o mesmo possa lhe ajudar em futuras negociações com a Santa Sé, mostrando de cara um dos paradoxos que a política utiliza também na vida real.

Na  viagem para Roma, um padre, de ideias pouco conservadoras, é designado para acompanhar o ex-prisioneiro, que é recebido como um herói em terras italianas, e homenageado pelo Papa, que na mesma ocasião lhe promove a Cardeal, ato que ele tenta recusar, na sua humildade e simplicidade.

Não sabia ele que o destino lhe reservava uma grande e totalmente inesperada surpresa.

A morte súbita do Papa, lhe colocaria no trono de Pedro, após inúmeras e estudadas reuniões dos Cardeais na famosa Capela Cistina.

Sempre muito humilde e simples, ele pediu que seus confrades, reconsiderassem a ideia de lhe conceder a Mitra Papal, mas, rendendo-se às circunstâncias, aceita a missão de Presidir a Igreja Católica, mesmo tendo enormes dúvidas sobre a sua própria capacidade de tal empreendimento.

Cenas e diálogos sagazes são apresentados na tela, e a história se desenrola de maneira instrutiva, absorvendo nossa atenção.
Convidado para mediar as tensões entre China e União Soviética, Kiril Lakota, agora Papa, vai até Moscou, onde é recebido pelo ex-algoz, primeiro ministro.

No encontro de cúpula, ele reafirma sua condição de não ter todas as respostas, mas insere no ambiente uma boa vontade de resolver as questões de maneira serena e baseado nos seus princípios, meio que tranquilizando o hostil chefe da nação Chinesa.

Refletindo o poder que sua posição alcança, Kiril divaga sobre seus deveres e se sente solitário, mesmo cercado de assessores de alto nível. 

Tomadas de decisões não são tão fáceis como parecem, quando isso afeta milhões de pessoas, como no seu caso. Uma reflexão que também ocorre no nosso mundinho mundano, e que atinge pessoas de todas as facetas da humanidade.

O final utópico, traz um convite para todos pensarem nos obstáculos que, de maneira universal, são enfrentados por boa parte da população mundial, e como tentar resolver essas dificuldades de maneira racional, o que não costuma acontecer na vida real.

O racional na área política sempre resvala nos interesses escusos de personagens sombrios.

JORGE DE ANDRADE MOTA
Porto Alegre/RS


E
FOLIFOLIN DEUS DO CARNAVAL (*)


sta história se passa num tempo remoto, em que não havia histórias. Nem tempo.
        
         No fundo de um buraco negro, de onde sairia tudo milhões de anos mais tarde, mas antes disso, havia aldeiazinha pequenina, nascida prematuramente.
    
      Havia nela os primeiros seres humanos, nascidos milhões de anos antes do “Homo-Sapiens” ou “Neandertal”. 
      Contavam-se nos dedos os prematuros, cujas moléculas já haviam se unido entre si , milhões de anos antes do “Big-Bang”.
        
       O mais antigo, chamava-se FoliFolin. Caracterizava-se, não pela beleza física, mas pela alegria, entusiasmo. Sua vida e seu caminhar eram uma apologia de dança, embora essa ainda não fosse conhecida.  
     Tudo isso fascinava a mais bela moça da aldeia, loira e linda, chamada For–Linda que à FoliFolin entregara o coração e, no primeiro e mais belo casamento da humanidade, no alto de um montezinho, sob uma ameixeira, iluminada pelas ondas do mar, ambos uniam corpos e corações para sempre. Todos lhes auguravam felicidade para sempre!!

Mas não contavam, ingênuos prematuros, que já na pré–história existiam as Cassandras do mal, que entre risos malignos, profetizavam: - Isto não durará dois anos!

E assim foi. Dois anos depois, ao nascer do primeiro filho, a constituição frágil dos pulmões de For–Linda não resistiu, e ela, loira e linda, partiu da vida terrena aos vinte anos, deixando como lembrança seu filho Arlequim.
   
   Este herdara toda a beleza da mãe e, desde jovem, arrebatava o coração de todas as meninas da aldeia. Mas não herdara a alegria e a vivacidade do pai. Parecia preocupar-se todo o tempo com sua aparência e beleza física. Era um Narciso prematuro...

FoliFolin, após algum tempo ferido pela morte de seu amor, recuperou toda sua pujança e alegria. Era da natureza dos que renascem mais fortes, quanto mais profundos os golpes que sofrem do destino. No fundo de seu Genoma morava a felicidade.

Sua solidariedade para com todos da aldeia era comovente; parecia almejar que todos fossem felizes, senão ele não seria. Todos o estimavam profundamente!
        
      Em especial, acompanhava com carinho a três jovens que estavam sempre juntos, brincando, passeando e sonhando.
Dois ele vira nascer: Arlequim, seu filho, uma graciosa menina prima deste, imagem de uma pombinha branca, por isso conhecida pelo nome de Colombina. E, completando o trio, uma figura enigmática. Magro, esguio, ao contrário de Arlequim, sempre usava roupas escuras e algo sombrias. Manto negro com 4 bolinhas brancas.
        
      Seu rosto, nem bonito nem feio, parecia, principalmente no olhar, guardar mistérios mais profundos que o buraco negro.
        
      Ao contrário de Arlequim e Colombina, que eram primos, ele chegou mais tarde, já na puberdade.
         
     Não se sabe de onde, pois não falava, era mudo. Mas, como no futuro haveria na França pequenos bonequinhos que, mediante o ligar de molas, dançavam sem parar, chamados de Pierrot, como o jovem vivia dançando, chamavam-lhe de Pierrot.

FoliFolin tratava-o com carinho e à Colombina como se fosse um irmão. Arlequim, ao contrário, tratava-o com desdém e o humilhava sempre que podia, pensando: - Por que este pobre enjeitado veio intrometer-se na minha família?

FoliFolin, que era supersensível, ao observá-lo, pensava consigo: - Que ser humano notável este rapaz! Nenhuma linguagem falada nos conta um milésimo do que seus olhos nos dizem; sua vida está escrita no seu olhar. 
Mas, apesar de haver sofrimentos, separações, solidão eterna, há algo no fundo de seu olhar que nos mostra, como numa pintura, a suprema beleza da tristeza de uma saudade.            Se a frase de um grande poeta do futuro (Vinícius) estiver correta, Todo poeta só é grande se for triste, então este jovem é o primeiro e maior de todos poetas.

E quando ele contempla Colombina? Todas as mais belas histórias de amor que ainda não aconteceram, estão neste olhar: Romeu e Julieta, Abelardo e Heloísa, Tristão e Isolda, Katty e Hetclif. 

Enquanto ele coloca tudo isto a seus pés, Colombina, como as infelizes mulheres que “só amam o que se vê”, está vidrada na última vestimenta de Arlequim com cores rutilantes e botas de veludo.

FoliFolin notou que após a morte de For-Linda, havia uma grande melancolia em toda a aldeia. Como ele, para ser feliz. precisava fazer outros felizes, resolveu inventar uma festa que fosse pura alegria.

Notou que havia duas coisas que os tornava felizes: comer bem, cantar e dançar. Resolveu reunir tudo: carne (era a comida mais apreciada), valsa e marcha (mais dançadas).

Decretou que a cada ano, três dias fossem dedicados inteiramente à carne e à valsa: seriam os dias de Carnaval.

Todos poderiam, se fantasiar de qualquer coisa, saindo de si mesmo. Estava fundada a festa que duraria eternamente, e seus adeptos seriam os foliões de todos os tempos.

Ultimamente, corria o boato na aldeia de que em breve, com todas as moléculas do buraco negro fusionadas em seres monolíticos, por meio do “Big Bang”, o buraco negro lançaria todos por meio de milhões e bilhões de galáxias e corpos celestes, Universo afora.

Folifolin, sempre ligado a tudo, soube que todos da aldeia iriam parar num minúsculo planeta chamado Terra, que já tinha alguns  milhares de anos na história.

Por meio de sua mente de múltiplos poderes, nosso profeta vidente andou tendo visões de seu futuro lar.

Foi se espantando com as vertiginosas mudanças (para pior) que estava ocorrendo nele. Mortes, guerras, destruições em massa. Derrubavam árvores, destruíam morros para substitui-los por gigantescos monstrengos de cal e cimento, às centenas. 

Eram como gigantescas catacumbas, onde não se via mais o céu o sol, nem o mar. E os habitantes, verdadeiros prisioneiros desses monstrengos, iam cada vez mais se silenciando.

As grandes invenções da ciência (aviões, automóveis, armas atômicas) matavam mais do que todas as epidemias juntas. Tudo isso em prol de um novo Deus inventado pelos terráqueos, o dinheiro.

Folifolin, lendo livros, notou em alguns autores, cem anos antes, as previsões dessas catástrofes: o Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley), Tempos Modernos (Charles Chaplin).
        
        Desiludido, desencantado, Folifolin já estava se decidindo:       
      - Não! Não levarei meu povo para viver num calabouço de desgraçados! Nunca!!!’’
         
    Mas, de repente, na tela do cinema do poeta foi se projetando uma imagem.
        
        Vê-se ao longe aproximar-se um palhaço de pernas tortas, sapatos e chapéu rotos e enormes, camisa sobrando para todo lado. Enfim, quase um espantalho.

Sentada no meio da estrada deserta, pés descalços, vestimenta pobre como a dele, vê-se uma jovem que parece um anjo de candura, com cabelos curtos esvoaçando, refletindo o verde do céu, os olhos, ao contrário, parecem não refletirem.

Ele vem, cabisbaixo, com as mãos entrelaçadas, triste, pois foram despejados da casinha em que moravam, e fora despedido do emprego. 
Vem dar-lhe a notícia: - Eles não têm mais nada!
        
     Senta-se ao lado dela e a câmera se fixa no rosto dele.  Os olhos tristes começam a contar a história, mas, à medida que a fita, a adoração que sente por ela vai lhe suavizando e, apesar das notícias tristes, vai expressando o sentimento mais sublime que existe: a contemplação da mulher amada.
        
   Folifolin murmura: - Meu Deus! É o rosto de Pierrot a contemplar Colombina!’
     
     Agora, a câmera fixa-se no rosto angelical da moça, cujos olhos, paradoxalmente, não brilhavam, opacos, vazios.                       Emocionado,  Folifolin gritou: - Ela é cega!!

Mas, como um milagre, a partir do momento em que ela ouve o relato dele, a sua bondade, o seu amor para com ela, cores mais belas que o arco-íris, vão emergindo de suas órbitas. Ela está vendo! Não a figura dele, mas a beleza que seu coração sente por ela.              

A única beleza que nunca morre. Então, abraçados, dão-se as mãos e vão se afastando até o fim da estrada que nunca terá fim. A estrada dos corações que se amam, que fica além, muito além das Luzes da Cidade. (Charles Chaplin)

Folifolin pensa: - Com este casal feito de amor e mais Pierrot e Colombina, salvarei qualquer mundo do Universo. Mas onde encontrá-los?”

A seu lado, ouve-se uma voz de homem-menino que diz: 
- Irmão, fui informado pelo grande cantor Franklin Dias e pelo notável declamador Norberto Castro que, pela única vez nestes milhões de anos-luz, eles vão se encontrar numa peça musical chamada “Uma noite encantada”, que vai ser encenada amanhã no chalé da Praça XV, em Porto Alegre. 

Folifolin se ajoelha ao agradecer e diz: - Amanhã????  Temos de ir depressa e, por meio da magia, remove Carlitos e sua amada da tela e, agarrando no braço do personagem diz:  

- Serás nosso guia, já que viveste em Porto Alegre 70 anos!

E, pegando carona numa nuvem veloz, rumam ao chalé.

A peça está chegando ao fim. Pierrot e Colombina na soteia do chalé, enlaçados, estão terminado a Dança do Mascarados (Chico Buarque). 

Quando eles tiram as máscaras, revelando-se, Folifolin diz-lhes: 
- Filhos, agora, por esta nuvem que está se formando por cima do Mercado Público, levarei vocês, mais o casal aqui do lado, para a estrada de Aldebarã; este mundo da Terra, cheio de ódio, rancores, guerras sem fim, está em agonia, em breve desaparecerá. 

Lá em Aldebarã, um mundo virgem, sem maldades, espera por vós, lá impera a ingenuidade, a bondade, lá onde se vê a beleza do amor que nasce no coração, o único que não morre, sem precisar de olhos, a luz da alma os sente. 

Esta luz sublime e eterna sobreviverá a todos os Universos materiais...

Lentamente, a nuvem vai decolando, e os cinco dão adeus aos assistentes do chalé.

No centro deles, abanando, dizem docemente:

- Ide com Deus, irmãos, que seu mundo seja feliz. Em breve, estarei com vocês...

É a figura do santo poeta, o imortal operário das letras: 
Nelson  Fachinelli

(*) Conto em homenagem a Nelson Fachinelli, o santo poeta pela saudade dos anos de sua ausência.


LUIZ MANOEL DE FREITAS
Natal/RN
Superintendente Técnico do Projeto Reviver (Parceiro)









NELSON RUBENS MENDES LORETTO
Gravatá/PE
Professor Adjunto da FOP-UPE 
1º Secretário da SBDE

CARTA DA MÃE TERRA

P

erdoem-me, meus filhos, mas eu estou doente!
Tentei incessantemente avisá-los de que estávamos seguindo por um caminho desastroso, mas vocês estão sempre muito ocupados para ouvir os meus apelos.

Sinto muito causar-lhes dor ou sofrimento, pois nunca tive esta intenção.

Acolhi cada um de vocês com todo amor e beleza que me foi possível oferecer, mas hoje estou doente, muito doente e preciso da ajuda de cada um de vocês para me restabelecer.


Foi uma parada abrupta eu sei, mas não tenho opção, sou tão vítima quanto vocês.

Preciso me recolher, descansar para recuperar minhas forças, e só posso fazê-lo se vocês também o fizerem.

Ficar restrito aos seus lares deveria ser um momento de resguardo, de descanso, de recuperação, mas nem todos os lares têm a paz, respeito, harmonia ou o amor necessário para este momento.

É preciso que vençam seu egoísmo, impaciência, rebeldia e consigam atender ao meu pedido.

Precisam compreender a diferença entre o supérfluo, o importante e o essencial; isso é fundamental neste momento.

Eu preciso me recolher, voltar à minha essência de beleza e pureza nas águas, no ar e na terra.

Vocês precisam se recolher e vivenciar o essencial.

Peço a todos os filhos da Luz: não se desesperem, pois juntos somos fortes e iremos nos recuperar.

Ajudem-me com seus bons sentimentos e pensamentos, somos um só, estamos totalmente interligados uns aos outros.

Ajudem-me para que nosso Lar volte a ser um ambiente de beleza, harmonia e prosperidade.  Pensem nisso!

THALES RIBEIRO DE MAGALHÃES
Rio de Janeiro/RJ
Diretor do Museu Salles Cunha ABO/RJ

HISTÓRIA MINEIRA
A
ngustura é a sede de um distrito pertencente à cidade de Além Paraíba/MG, e dista 07 km da rodovia BR-116 (Rio/Bahia), à altura do Km 800, e tem suas origens nos primórdios do povoamento da Zona da Mata mineira.

Durante o Ciclo do Ouro, a região, outrora habitada pelos índios Puris, cujos vestígios ainda podem ser encontrados em algumas fazendas, era usada como rota por contrabandistas, para evitar a fiscalização dos “Registros” existentes na estrada oficial – o Caminho Novo. Em razão desta segurança tributária, a Mata mineira era conhecida como “Áreas Proibidas”.

Neste contexto, surgiu o primitivo Arraial de Madre Dios do Angu, atual Angustura, a partir de um pouso de tropeiros que trilhavam as margens do Rio Angu. Nessa época – início do século XIX – começaram a ser distribuídas sesmarias aos   primeiros colonizadores da região.

Em 27 de março de 1841, o Arraial pertencia à Vila de São Manuel do Rio da Pomba, e foi elevado à categoria de Distrito, com o nome de Madre de Deus do Angu, sendo incorporado à Vila de São João Nepomuceno, em 1842.

Com a expansão da cafeicultura, através do vale do Rio Paraíba, Angustura destacou-se como grande produtora, e teve o seu apogeu entre o final dos 1800 e princípios dos 1900.

Os grandes fazendeiros de então erigiram a sua atual Igreja Matriz, inaugura em 1886, artisticamente decorada por artífices contratados na Côrte.

Ergueram também, à sua volta, belos solares. O templo e seu entorno integram um harmonioso cenário, emoldurado pelo verde e pelas montanhas que caracterizam a silhueta da geografia mineira.

Suas fazendas possuíram inúmeros escravos e, após a libertação destes, atraíram muitos imigrantes europeus para o trabalho nas lavouras de café.

Em 1874, o surgimento da ferrovia – Estrada de Ferro da Leopoldina – não contemplou, contudo, o Distrito de Angustura.

Posteriormente, com a criação da antiga rodovia Rio/Bahia, na década de 1930, novamente Angustura se via preterida.

Mais tarde, com o declínio do café e com o êxodo rural iniciado com o processo de industrialização do país - em particular, a instalação da Cia. Siderúrgica Nacional – ocorreu o seu esvaziamento populacional.

Tais fatos, se, de um lado penalizaram o progresso de Angustura, paradoxalmente, de outro, contribuíram para o resguardo de parte de seu  conjunto arquitetônico original, hoje tombado pela municipalidade.

Muitos representantes de sua aristocracia cafeeira se notabilizaram na vida pública do Município, da Província, do Império e da nascente República.

Em Angustura, também tombado pelo patrimônio municipal, encontra-se o Mausoléu do primeiro Comandante Geral da Polícia Militar de Minas Gerais, Cel. Francisco de Assis Manso da Costa Reis.

O pai do Cel. Assis era o Cap. Valeriano Manso da Costa Reis, colega de Regimento de TIRADENTES – por este citado nos autos de Devassa da Inconfídência – e sua mãe era Dª Ana Ricarda de Seixas, irmã de Mª Dorothéa Joaquina de Seixas – a MARÍLIA DE DIRCEU, musa do poeta inconfidente, THOMAZ ANTÔNIO GONZAGA.

Outro que merece destaque é o Dep. Antônio Romualdo Monteiro Manso, notabilizado por ter sido o primeiro político do Império que se negou a prestar juramento de fidelidade a D. Pedro II

Em razão de suas convicções anti-monarquistas, Monteiro Manso conquistou a admiração do propagandista republicano, SILVA JARDIM, que visitou ANGUSTURA – onde sofreu um atentado, em março de 1889.

Em Angustura faleceu, em sua Fazenda Babilônica o Senador Agostinho Cezário de Figueiredo Côrtes, que dá nome à de Senador Côrtes, nesta Zona da Mata.

São também angusturenses o grande jurista, de renome nacional, Nelson Hungria; o Dep. Provincial Francisco Cezário de Figueiredo Côrtes e o ex-Prefeito de Araxá, Fausto Alvim - que também foi Presidente do antigo IAPC e, em idade provecta, tornou-se escultor, cujo talento é reconhecido por importantes críticos de arte.

O Dicionário do Aurélio nos ensina que Angustura significa: Passagem estreita entre montanhas.