sábado, 1 de fevereiro de 2020

ANEXO DO JORNAL MENSAL - FEVEREIRO DE 2020




ANTÔNIO INÁCIO RIBEIRO
Guarapari/ES
Especialista em Marketing (PUC)
Master Business Administration (FGV)
Administrador (Universidade Mackenzie)
Honorário – Diretor de Divulgação

PONTO SELFIE  NOS ESTABELECIMENTOS,
PARA COLOCAR  GUARAPARI NAS REDES!
É impressionante a quantidade de pessoas fazendo selfies pelas ruas das cidades do mundo todo, e postando nas redes sociais, o que estão fazendo e onde estão.
Como se trata de uma propaganda massiva e gratuita, que algumas vezes bomba por milhares de pessoas que as recebem, seria interessante que os empresários locais procurassem se beneficiar disso, de uma forma simples e rápida.
Cada um providenciar em seu estabelecimento algo que o caracterize, na forma de um fundo ou lugar próprio para fazer selfie, em ponto visível, de bom destaque, e que seja convidativo para que as pessoas aproveitem na hora.
Se a moqueca capixaba é marcante pelo sabor e associa à nossa cidade, seria bom que os restaurantes tivessem uma foto destaque de uma, em parede com sua logomarca para que fosse fotografada na entrada ou saída.
Produtos regionais como os do nosso rico artesanato também se prestam a isso, desde que expostos de maneira atrativa para serem fotografados junto com alguma referência à cidade: Guarapari, embarque nesta onda!
A menção de Guarapari junto à sua marca e produto ou serviço que ofereça, é o princípio de associação de marca, fortalecendo e promovendo todas, mas lembre-se de que, se não estiverem presentes, não lembraremos.
Quem se utiliza bem disso é o Posto Dino, que começou com o Tigre, um dos lugares mais fotografados, continuou com o minifórmula 1, aproveitou o dinossauro, e agora com o jet-ski na bomba dos barcos.
Durante o passeio das escunas e também no do trenzinho, o que mais as pessoas fazem é selfies. Talvez por isso, tantos já vêm a Guarapari com a vontade de fazer este passeio. Temos de aproveitar mais isso!
Guarapari perdeu alguns lugares que as pessoas gostavam de fotografar, com o corte de árvores que está virando doença na cabeça das pessoas. Muitas lindas fotos dessas belas árvores não são mais possíveis.
Algumas empresas maiores poderiam estudar junto à Secretaria de Turismo, o patrocínio de pontos selfie em espaços públicos, que são passagem contínua de turistas.
Uma panela de barro gigante por exemplo.
É preciso aproveitar a temporada para garantir turistas o ano todo!

 EDUARDO  SOUZA
Rio  Branco/AC - Colaborador
Cirurgião  Dentista  - Natalense - Cinéfilo

QUANDO DUAS MULHERES PECAM (1966)
"Persona" - 8.2 – Classificação dada pelo público
Pessoalmente, classifico esse filme, do diretor sueco, Ingmar Bergman,  um distinto exemplo de verdadeira obra prima do cinema mundial.
Junto com O Sétimo Selo (1957) Det sjunde inseglet" 8.3, do mesmo diretor, PERSONA se destaca brilhantemente nos anais da sétima arte, como uma história de profundo simbolismo e metáforas que transbordam para muito além de uma simples tela.
Sentimentos espirituais são mostrados em profundidade quando uma atriz, repentinamente, se torna literalmente muda, apanhada numa patologia emocional, após um colapso total, durante uma de suas performances num palco.
Uma insegura enfermeira é designada para cuidar da atriz, passar uma temporada com a mesma, primeiro num ambiente hospitalar, e depois numa casa à beira mar, para ter mais privacidade.
        Nessa reclusão, acontecem situações que exigem das 2 atrizes, uma delas Liv Ulmann, competentes desempenhos que em muito realçam a psicologia da película.
        O silêncio da enferma, faz com que a cuidadora se torne a única peça falante do ambiente.
Segredos e confissões inesperadas são expostos unilateralmente, imagens em flashback formam mosaicos que se intercalam com a fala da enfermeira, onde ela, incontidamente, relata fatos de sua vida pessoal sob um olhar atento, e o mutismo da atriz, que apenas escuta.
Numa cena excepcional, onde o álcool é consumido por ambas, numa aparente e informal cerimônia de passar o tempo, tem-se a impressão de que a silente é quem está, na verdade, proporcionando a terapia de cura.
Com o seu monólogo, a enfermeira vai aos poucos absorvendo os problemas da outra personagem, numa fusão surrealista, e de uma maneira tão intensa, que surpreende incrivelmente os espectadores.
Uma sintonia cúmplice, paira no ar, e nos leva para apreciar desenlaces, num ambiente híbrido de situações complexas e comoventes.


FARID ZACHARIAS  - Rio de Janeiro/RJ
Academia Brasileira de Belas Artes
Cadeira nº 03
(Em Memória – Autor faleceu em 20.12.2019)

 EPICURO
(341 ANOS ANTES DE CRISTO / 270 ANTES DE CRISTO)
        
      Filósofo grego que ensinou aos homens a serem felizes sem religião, e a aproveitarem ao máximo a vida. Nasceu 80 anos depois de Platão, e parece ter sido abençoado, pois, seus ensinamentos são tão sérios, tão profundos, que até hoje, influenciam filósofos e pensadores.
    Alguns fatos foram marcantes na vida de Epicuro, e que o levaram a se dedicar à Filosofia.
    Tentou, desde cedo, compreender o que era a vida. Começou em casa, com o pai ganhando pouco, como Professor. A mãe era uma espécie de curandeira, vendia amuletos e rezas para curar doentes. Para isso, ela levava o filho para ajudá-la. Ele cresceu, desprezando essa prática materna.
Outro fato que deve ter marcado sua vida fortemente foi, quando adolescente, durante uma aula em sua escola. Num determinado momento, o professor citou que o mundo veio do caos. Eplcuro, atento e curioso, perguntou de imediato:

-   E de onde veio o caos, professor?                                             

- Só os filósofos poderão responder a esta pergunta, respondeu o mestre.                                               

E, assim, Epicuro se dedicou a estudar Filosofia, vivendo com simplicidade e sem excessos. Muito pouco restou de sua obra que compreendia cerca de 300 livros.

Felizmente, quase todo o seu trabalho está sintetizado no livro Da Natureza das coisas, de Lucrécio ( - 98 anos antes de Cristo/55 antes de Cristo), admirador e seguidor de sua obra. A filosofia de Epicuro era materialista

Outro grande filósofo, o americano George Santayana (1863/1952) dizia, imaginem, 20 séculos depois, concordando com Epicuro: 
Parece-me que aqueles que não são materialistas, não são bons observadores. O meu materialismo não é uma posição acadêmica, é uma convicção cotidiana da experiência e da observação do mundo.
Algumas palavras, como Epicurismo e Epicurista, tiveram, por muito tempo, o significado trocado por aqueles que eram hostis a qualquer forma de materialismo e, até hoje, no Brasil, repetem em muitos livros o significado que vem dos livros antigos.
Por exemplo, um dicionário, com várias edições, define, ainda, o Epicurismo como uma doutrina que substitui o bem, pelos prazeres sensuais e o mal, pela dor e, segundo a qual, a felicidade consiste em assegurar o máximo de prazeres com o mínimo de sensualidade; e Epicurista partidário do Epicurismo, materialista.
Na verdade, esses não eram os conceitos de Epicuro, mas os que eram imputados a ele por seus opositores, principalmente, os chefes religiosos.
Formou-se, desse modo um conceito errado de sua obra, que durou muito tempo. É preciso compreender que a filosofia de Epicuro tinha a moral, como base. Ele dizia que os bens materiais e espirituais, fossem usados com ponderação e, ensinava, que o prazer não é um mal em si mesmo, mas certos prazeres trazem mais sofrimentos do que prazer.
Para ele, o propósito principal da vida é gozá-la, buscando a felicidade sem sofrimento. Numa análise racional, o propósito da vida era tudo que tornava a vida mais agradável: moradia com conforto, comida simples (pão, legumes e um punhado de azeitonas e, para ele, se tivesse um pouco de queijo, seria um banquete). No lugar do vinho escolheria a água.

CONCEITOS DE EPICURO  
O bem supremo da vida é gozá-la com moderação e equilíbrio. Não temos outros afazeres neste mundo. Não somos filhos de um Deus benevolente, porém, enteados de uma natureza indiferente.
A vida é um acidente num universo mecânico, mas, querendo, podemos fazer com que este seja um acidente interessante.

     Devemos depender de nós mesmos para a nossa felicidade. 

  Se não podemos vencer a morte, vençamos ao menos, o medo da morte.

Não lastimemos a brevidade da vida. É preferível gozá-la.

O estado tranquilo de uma felicidade constante é mais importante do que a excitação brutal de delícias transitórias.

Limitemos nossos desejos. Estejamos satisfeitos com a nossa sorte. Se não podemos limitar nossas ambições, podemos, ao menos, limitá-las ao nível de nossa capacidade.

   Epicuro ensinava a felicidade de um espírito sereno, que observa de longe, as vicissitudes da vida.

Procuremos cultivar o bom humor, que nada mais é, do que o senso de proporção.                          

Contemplemos a beleza do espetáculo da vida, em torno de nós e a insignificâncias de nossas tribulações.

Aprendamos a sofrer, como atores no drama da vida e, também, a rir dos nossos próprios sofrimentos, como expectadores.

Levar uma existência simples, cultivando a amizade como religião e estimemo-la como uma coisa doce, bela e sagrada.

Aconselhava a tratar os outros, como queremos ser tratados, partilhando sua felicidade com todos.

O sentimento da verdadeira amizade é a única dádiva segura que possuímos neste mundo de valor duvidoso.

Se os sofrimentos da vida podem nos reconciliar com a morte, as amizades podem nos reconciliar com a vida.

  Outro grande filósofo, o francês Voltaire (1694/1778), muitos séculos depois, diria, completando o valor de uma amizade, que: 
 Todas as grandezas do mundo não valem uma boa amizade.

Ser Epicurista é: Não temer o divino, nem a morte. Viver com simplicidade e temperança. Buscar o prazer com sabedoria.

Fazer amigos e ser um bom amigo
(Ele procurava dividir o seu pão com um amigo). 

Nossa vida deve ser uma festa entre amigos. Ser honesto em seu negócio e em sua vida privada. Não há lugar para o mau humor, só gentileza e solidariedade. Afastar-se da política.

A VIDA DE EPICURO - Epicuro, pelo que se sabe, levava uma vida de pobre, mas mantinha a alegria de um espírito sereno de hábitos simples. Sua filosofia, longe de consistir no gozo grosseiro dos sentidos, se baseava na cultura do espírito e na prática da virtude.

Por uma interpretação errônea e de má fé, sua filosofia foi deturpada e debochada por muito tempo, especialmente, pelos chefes religiosos, que eram hostis a qualquer forma de materialismo, mas, hoje, ela é respeitada e admirada.

Aos 18 anos foi para Atenas, onde conheceu vários filósofos. A seguir, foi ao Oriente, onde ficou por 12 anos. Voltou a Atenas, onde abriu a Academia Jardim de Epicuro, ao ar livre, para o ensino da filosofia e da meditação.

Fez sucesso com suas concepções sobre os deuses, não acreditando numa outra existência, e ensinava a aproveitar a vida com prazer e moderação.   

CONSIDERAÇÔES - Estão aí está, de uma maneira resumida, os ensinamentos de Epicuro.  

Na busca de conhecimentos foi importante para mim, quando jovem, a leitura dos grandes mestres da Filosofia.

Não tinha eu ainda conhecimentos suficientes para compreender muita coisa, mas, com a continuação dos estudos, lucrei muito.

Platão, Buda, Epicuro, Santayana e Krishnamurti entre outros, faziam parte do meu pequeno mundo.

Hoje, tanto tempo passado, posso dizer que formaram a base da minha vida, longa, serena e feliz, com um bom número de amigos- irmãos.

Meu pai dizia que eu escolhesse bem meus amigos e, que, se eu tivesse um amigo certo, sincero, que pudesse chamar de amigo-irmão, eu poderia me julgar feliz. Hoje, me sinto muito feliz, pois, tive (alguns já se foram) e tenho, ainda, grandes amigos-irmãos.

Fui batizado e casado na religião de meus pais, que eram grego-ortodoxos. Com o tempo, estudando as religiões, verifiquei que todas têm os princípios básicos semelhantes: não matar, não roubar, amar ao próximo como a si mesmo etc.

Resolvi, então, não me fixar em nenhuma, mas, compreendendo e aceitando que cada um tem o direito de escolher a sua religião, isso, anos mais tarde, sob a influência de Epicuro, Santayana e Krishnamurti.

Ter uma religião, para muita gente, é uma necessidade, um ponto de apoio, fé em algo superior. Temos que respeitar esse direito.

Salve Epicuro! Abençoado, espírito iluminado, que até hoje, mais de 20 séculos depois, ainda nos ensina a viver com dignidade!

OBS.:  Nosso preito de saudade e gratidão a esse querido Titular, que viveu 91 anos seguindo essa Filosofia de vida que aqui expôs, como homenagem ao grande Epicuro, que ele sempre fazia questão de citar nas nossas conversas. 
Siga seu luminoso caminho rumo à Eternidade, amado Amigo-irmão!

JOSÉ ANSELMO CÍCERO DE SÁ
Rio de Janeiro/RJ
Academia de Artes, Ciências e Letras do RJ
Cadeira nº 29 - Patrono: Quintino Bocaiúva

O EGOÍSMO NÃO É UM ESTADO DE 
AMOR-DE-SI-PRÓPRIO  E SIM, DE INIMIGO SOCIAL.
Quantos males o egoísmo tem feito à Humanidade! Dentre eles, destaca-se o mal de mantê-la cega quanto aos malefícios que tão terrível praga tem causado ao ser humano! 
– O egoísmo, podemos dizer, é como o dinheiro: não gosta de ninguém, nem mesmo daqueles que julgam possuí-lo e terminam possuídos por ele...
Segundo Carlos Lopes de Mattos, em seu Dicionário Filosófico, egoísmo explica-se, metafisicamente, pelo solipsismo, ou seja, uma doutrina que só admite uma existência do seu “eu” individual que pensa.

A Psicologia o entende ou traduz pelo amor de si mesmo. E a Moral o tem na conta de amor exagerado de si próprio, lesando os direitos dos outros. É, portanto, sinônimo de filáucia, ou seja, amor próprio. Para o Dicionário de Filosofia dos doutores Max Apel e Peter Ludz, o egoísmo está em oposição ao altruísmo (dependência de todos os valores do “eu”).

Para Thomaz Hobbes, filósofo materialista inglês, o homem é, em sua essência, um ser egoísta, do que decorre a ‘guerra de todos contra todos’, um homo hominis lupus, ou seja, (o homem é lobo de si mesmo). Todavia, isto não traduz uma realidade.                                     O homem não é em essência um ser egoísta. É ainda isso um efeito da ignorância. É a ignorância que o torna lobo de si mesmo.                       
O homem, em essência, é um ser espiritual e que possui algo da essência de seu Criador e Pai – Deus. É a ignorância que o faz egoísta, isto é, voltado para dentro de si próprio. O egoísmo é, portanto, um vício aprendido, que se fez enraizar na personalidade.

O padre Fernando Bastos de Ávila, na Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo de sua autoria, diz da existência de um egoísmo radical, psicossomático, sem conotação pejorativa, e um egoísmo moral e ético que constitui uma aberração, podendo degenerar para formas patológicas.

Todavia, ao se aproximar do término de sua definição de egoísmo, declara que, do ponto de vista social, o egoísmo é a raiz amarga de todos os males que afligem a Humanidade.

Enuncia do ponto de vista social, porque ele defende a presença do homem, do que ele chama de “egoísmo radical ou psicossomático” como uma forma natural de autopreservação e conquista do seu desenvolvimento.

Existe uma tendência espontânea das filosofias materialistas, ou falsamente espiritualistas, em oferecer um sentido dicotômico ao egoísmo. Isto é, uma espécie de dupla face: um lado bom que impulsiona o indivíduo a progredir, e um lado mau que o torna lobo-de-si-mesmo.

A Doutrina Espírita é peremptória: O egoísmo é um vício, um hábito formado desde a idade primitiva do homem, portanto, um mal. Mal porque degenera os costumes, mina os sentimentos mais nobres do indivíduo invigilante, razão pela qual deve ser combatido e extirpado do nosso coração.

Assim como o trypanosoma procura desenvolver nos músculos do coração do homem indefeso das regiões paupérrimas do interior, o egoísmo procura desenvolver-se na sede moral dos sentimentos do homem invigilante das regiões mais prósperas dos centros urbanos de nossa civilização. O egoísmo é o elemento gerador de todos os demais vícios.
O Trypanosoma tem no “barbeiro” o seu hospedeiro temporal no processo de vinculação do mal contra o ser humano indefeso, o “egoísmo” tem, no amor-próprio, o seu elemento de justificação ou máscara natural, contra o homem defeso pelo abuso do livre arbítrio, na ignorância do bem.

Em corolário, lutar contra o egoísmo é dever de todos nós. A própria denominação de amor-de-si-mesmo é errônea. O egoísmo é uma chaga voracíssima que tem como risco maior, retardar o progresso da humanidade. Sendo a sociedade constituída de grupos sociais, e estando os grupos formados de homens, é obvio que o egoísmo não é um estado de amor-de-si-próprio, mas de odioso inimigo social, por ser gerador de inúmeros outros vícios.
Ele é responsável ainda, pelas guerras, pela miséria, pela fome e outros tipos de endemias morais, como a máfia dos tóxicos e dos crimes políticos.
Devemos envidar todos os esforços no sentido de erradicar as doenças materiais, o que vem ocorrendo normalmente através dos inúmeros estudos científicos, mas, erradicar, sobretudo, o “egoísmo”, sem o que dificilmente chegaremos à vitória sobre os demais males.
É no “altruísmo” que o homem deverá encontrar o remédio específico contra o “egoísmo”, isto porque, o altruísmo representa aquele amor ao próximo a que se refere a Lei de Deus, que o Mestre Jesus tanto enfatizou em seu Evangelho.
Nenhum homem minado pelo micróbio do egoísmo terá condição ou capacidade de praticar a sublime LEI DO AMOR E CARIDADE, A ÚNICA CAPAZ DE TRANSFORMAR A TERRA EM PARAÍSO, QUE É O REINO DE DEUS A QUE O EVANGELHO SE PROPÕE A NOS CONDUZIR.

JOSÉ DILSON VASCONCELOS DE MENEZES
Fortaleza/CE
Vice-Presidente da SBDE
        A vida sem ciência é uma espécie de morte. (Sócrates)

Pierre Fauchard nasceu na Bolonha (França) em 1670.

Oriundo de uma família modesta, aos 15 anos ingressou na Marinha Real.

Embarcado, iniciou-se na prática de medicina militar, sob a orientação do cirurgião naval Major Alexandre Poteleret, prestando assistência aos marinheiros que sofriam na boca os estragos do escorbuto que à época grassava entre os embarcadiços.

Poteleret, que há anos estudava as doenças bucais, estimulou Fauchard a realizar investigações sobre as descobertas de seus antecessores na arte de curar.

Após quatro anos embarcado, deixou a Marinha, tendo passado a residir em Angers, onde montou consultório dentário. Nessa cidade, que à época constituía destacado centro universitário, adquiriu grande fama como Dentista sem, todavia, ter frequentado nenhum curso.

Posteriormente, mudou-se para Paris, onde graças à sua excelente atuação profissional, se consagrou como o mais proeminente Dentista de toda a França.

Leitor voraz e ávido por ampliar seus conhecimentos, cultivava imenso entusiasmo em aprender e compartilhar o saber com outros.

Era, com frequência, solicitado por eminentes cirurgiões gerais para consultas e pareceres relativos aos dentes e à cavidade bucal.

Antes de Fauchard, os Dentistas eram chamados “dentateurs” (fabricantes de dentadura), e poucos dentre eles faziam extrações dentárias.

Os barbeiros, àquela época, verdadeiramente cirurgiões, além de especialistas em aplicar sanguessugas na realização de sangrias, extraiam dentes.

Desde que residia em Angers, Fauchard denominava-se Chirurgien Dentiste.

A sua prática não de resumia em extrair dentes, pois os obturava, removia tártaro, assim como procedia à exérese de tumores benignos da gengiva.

Precocemente, manifestou excepcional habilidade na confecção de próteses dentárias.

Além de constituir-se o primeiro profissional dedicado à atuação dentária a considerar a Odontologia como uma arte e uma ciência, em vez de mero trabalho exercido por pessoas habilidosas. mas sem estudo, foi igualmente pioneiro em manifestar-se favorável às medidas preventivas, recomendando a escovação dos dentes e o uso de enxaguatórios bucais.

Descreveu muitas próteses dentárias e métodos de substituir a perda de alguns ou de todos os dentes. Colocava dentes artificiais de blocos talhados em marfim, de osso ou de dentes humanos, mantendo-os fixados a dentes hígidos com fios de ouro.

Em 1723, Fauchard concluiu a sua obra Le Chirurgien Dentiste, todavia, somente após cinco anos, em 1728, esse valioso compêndio foi publicado, em francês, reunindo em 2 volumes, 863 páginas. Duas outras edições vieram a público em 1746 e 1786. Sua tradução para o alemão surgiu em 1773, tendo somente em 1946, sido traduzida para o inglês.

Le Chirurgien Dentiste alcançou, à época, considerável repercussão pelo fato de se constituir num verdadeiro marco na evolução da Odontologia. Pelos conceitos científicos introduzidos valeu a Pierre Fauchard o epíteto de Pai da Odontologia Moderna.

Vale destacar que esse valioso livro, que encerra incomensurável soma de conhecimentos, antecipou-se 122 anos ao surgimento da primeira Escola de Odontologia do mundo – Baltimore College of Dental Surgery – sucedido nos Estados Unidos da América do Norte, em 1840.

Seu falecimento ocorreu em Paris, 1761, aos 91 anos.

Um exemplar de Le Chirurgien Dentiste, em 2 volumes, encontra-se em exposição no Museu Benito Vasconcelos Tavares, da Academia Cearense de Odontologia, doado pelo colega e Confrade Thales Magalhães, Diretor do Museu Salles Cunha, da Associação Brasileira de Odontologia/Seção Rio de Janeiro, e também Titular da SBDE.

LUIZ  MANOEL  DE  FREITAS
Natal/RN
Idealizador  /  Superintendente  Técnico  do
PROJETO  REVIVER (Parceiro)



NELSON RUBENS MENDES LORETTO
Gravatá/PE
Professor Adjunto da FOP-UPE 
1º Secretário da SBDE

MÁGOA
Hábil, a mágoa disfarça-se se utilizando de argumentos bem urdidos para negar-se ao perdão ou fugir ao dever do esquecimento.

Muitas distonias orgânicas são o resultado do veneno da mágoa, que, gerando altas cargas tóxicas sobre a maquinaria mental, produz desequilíbrio no mecanismo psíquico com lamentáveis consequências nos aparelhos circulatório, digestivo, nervoso…

O homem é, sem dúvida, o que vitaliza pelo pensamento. Suas ideias, suas aspirações constituem o campo vibratório no qual transita, e em cujas fontes se nutre.

Estiolando os ideais e espalhando infundadas suspeitas, a mágoa consegue isolar o ressentido, impossibilitando a cooperação dos socorros externos, procedentes de outras pessoas.
Caça implacavelmente esses agentes inferiores, que conspiram contra a tua paz. O teu ofensor merece tua compaixão, nunca o teu revide.

Aquele que te persegue sofre desequilíbrios que ignoras e não é justo que te afundes, com ele, no fosso da sua animosidade.

Seja qual for a dificuldade que te impulsione à mágoa, reage, mediante a renovação de propósitos, não valorizando ofensas nem considerando ofensores.

Através do cultivo de pensamentos salutares, pairarás acima das viciações mentais que agasalham esses miasmas mortíferos que, infelizmente, se alastram pela Terra de hoje, pestilenciais, danosos, aniquiladores.

Incontáveis problemas que culminam em tragédias cotidianas são decorrência da mágoa, que virulenta se firmou, gerando o nefando comércio do sofrimento desnecessário.

Se já registras a modulação da fé raciocinada nos programas da renovação interior, apura aspirações e não te aflijas. Instado às paisagens inferiores, ascendo na direção do bem.
Malsinado pela incompreensão, desculpa. Ferido nos melhores brios perdoa.

Se meditares na transitoriedade do mal e na perenidade do bem, não terás outra opção, além daquela: amar e amar sempre, impedindo que a mágoa estabeleça nas fronteiras da tua vida as balizas da sua província infeliz.

Quando estiveres orando, se tiverdes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe, para que vosso Pai que está nos Céus, vos perdoe as vossas ofensas. – Marcos: 11-25.

Não sou feliz! A felicidade não foi feita para mim! Exclama geralmente o homem em todas as posições sociais. Isto, meus caros filhos, prova melhor do que todos os raciocínios possíveis, a verdade desta máxima do Eclesiastes: A felicidade não é deste mundo. Evangelho segundo o Espiritismo, Capítulo V – Item 20).    Pense nisso!

Obra: Florações Evangélicas  - Autora espiritual: 
Joanna de Ângelis Médium: Divaldo Pereira Franco

PAULO  JOSÉ  MORAES DA SILVA
Maceió/AL
Professor de Cirurgia - Aposentado da UFAL

EU VI UM ARACUÃ!!!
Sentado, contemplando a natureza e as galinhas vi, voando e aterrissando no terreiro um Aracuã, talvez para comer, até porque existem comedouros espalhados pela área, para que as aves, na hora que quiserem degustar, possam enfim fazê-lo com plena liberdade.

Fazia tempo que eu não via um Aracuã! Nós sabemos que o Brasil é o país das aves, não é à toa que observadores do mundo todo vêm ao nosso País, com suas máquinas fotográficas telescópicas, observar e cadastrar espécies raras onde seu habitat preferido é aqui.

Segundo as fontes pesquisadas, existem mais de 1.900 espécies que se distribuem por todo o País, e a tendência deste número é aumentar.

Existem vários tipos de Aracuãs a Ortalis remota, Ortalis guttata, nativas da floresta Amazônica. A partir de análises e pesquisas feitas por ornitólogos, foi constatado que a espécie encontrada no norte de São Paulo não seria apenas uma subespécie, mas uma ave rara, exclusiva e restrita da região noroeste de São Paulo. 

São consideradas subespécies as populações de aves que embora possam diferenciar em alguns detalhes, como tamanho e coloração, são muito parecidas e, muitas vezes, ocorrem em regiões distintas, afirma o ornitólogo Luciano Lima.

A mudança de “status” dessa ave se deve à uma nova avaliação sobre as subespécies. Muitas subespécies de aves brasileiras foram descritas há mais de 100 anos e, recentemente, os ornitólogos as estudam com técnicas mais avançadas, incluindo análises genéticas e do canto, por exemplo.

Os resultados desses estudos têm apontado que as diferenças entre muitas subespécies são muito grandes, o que faz com que sejam elevadas ao título de espécie!!!

Pelas características da plumagem a mesma se enquadra na (Ortalis remota), e deve ser macho, medindo cerca de 50 centímetros, com barbelas e uma pequena crista vermelha.

Possui as penas marrons na região do peito, costumam viver aos pares ou até em pequenos bandos em mata perto de nascentes, na beira d’agua.

Acho que foi atraído pela criação de patos que tenho com tanque para se banharem, pés de fruteiras e uma grande mata ao redor do condomínio. 

Como uma norma do condomínio, é manter as árvores já consideradas velhas com grande oferta de cupins e insetos atrativos para sua dieta.  

Esse está só, demonstra não ser brabo, e pode ter fugido de algum cativeiro; são parecidos com os jacus, jacuaçu, jacutingas e os mutuns, que há bem pouco tempo estavam extintos do nosso habitat.
Antes do anoitecer, e talvez por ter saciado sua fome, ele fez voo para as árvores da densa mata que fica atrás do quintal de nossa casa.

Seu aspecto geral é semelhante a um faisão com asas arredondadas e cauda relativamente longa. As patas são relativamente curtas e amarelas. São aves barulhentas e seu canto é semelhante a um cacarejo.

Enquanto durou a surpresa, foi bom rever essa ave que há mais ou menos uns vinte anos não via, achava até que já estava extinta,

Obrigado, Mãe Natureza, por seu espetáculo no final de tarde!!!

THALES RIBEIRO DE MAGALHÃES  --  Rio de Janeiro
Diretor do Museu Odontológico Salles Cunha
(ABO/RJ)

LINDOLFO  COLLOR

E estou em dizer-vos que só quem sobe aos cumes do passado pode divisar com perfeita clareza todos os acidentes do presente.

Não julgueis, todavia, que a vida nas montanhas seja em si mesma diferente da que se conhece na mesmice dos descampados e das várzeas.

A humanidade é em toda parte igual. Em todos os tempos as ambições são as mesmas, os mesmos egoísmos, as vaidades, as incompreensões entre os homens, sempre, invariavelmente as mesmas.

Se me permitis uma confidência, quero segredar-vos que, ao despedir-me da planície, uma das minhas maiores ambições seria seguramente a de não ver um certo número de indivíduos cujos encontros longe estavam de fazer a delícia de meus olhos...

Não existem então, indagareis agora, as chamadas grandes épocas da história? Existem sim.

Mas o que lhes comunica o sentido da sua grandeza nunca serão as matas rasteiras da maledicência, nem as lianas da intriga, nem os precipícios da inveja, nem as tocaias da ambição; e sim, apenas aqueles cumes, solitários na sua dignidade telúrica, que marcam a altitude de todo o sistema e elevam para sempre as linhas do horizonte. 

São esses pontos culminantes que condicionam a perspectiva dos tempos.

Tanto maior uma época histórica quanto mais alto os seus homens representativos.

Dos acidentes vulgares do terreno, dos seixos do caminho, da poeira das estradas, a posteridade não se apercebe.

Ref. Livreto comemorativo do Centenário sobre o autor em 1990-p.17.